Inciativa integra as celebrações de 100 anos do líder da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde
Por Nany Vaz, Cabo Verde
O pai das nacionalidades guineense e cabo-verdiana, Amílcar Cabral deve ser celebrado este ano, pela primeira vez, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO. A confirmação é dada ao Portal Vozes por um dos administradores da Fundação Amílcar Cabral, Adão Rocha, a propósito, das actividades comemorativas do centenário desse grande pensador africano. “Outra proposta da fundação e submetida a UNESCO pelo Governo de Cabo Verde que deve, também ser validada este ano é a inscrição dos escritos de Amílcar Cabral no arquivo Memórias do Mundo” sublinha Adão Rocha que, ainda considera esse feito a consagração de Amílcar Cabral como património universal.
Desde 20 de Janeiro de 2023 que, os cem anos natalícios de Amílcar Cabral têm sido marcados com várias iniciativas, promovidas pela Fundação Amílcar Cabral, Presidência da Republica de Cabo Verde e demais instituições nacionais, guineenses, internacionais e pela diáspora cabo-verdiana. O passado dia 20 de Janeiro, deste ano, marca a abertura oficial das celebrações dessa efeméride que decorrem de janeiro a setembo e culminam, precisamente, no dia 12 de setembro de 2024. Dia em que Amílcar Cabral completaria cem anos se, ainda estivesse vivo.
Por ser o ano do centenário de Amílcar Cabral, todas as suas facetas vão ser evidenciadas e a cada mês, revela Adão Rocha, “diversas iniciativas vão ser realizadas tanto em Cabo Verde, como na Guiné Bissau, Portugal, Brasil, Angola, Senegal, Guine Conacri, Gana, Holanda, Estados Unidos da América e outras paragens. Logo, em todo lugar/país onde há comunidade cabo-verdiana, o centenário de Amílcar Cabral é comemorado”. Para o Administrador da Fundação Amílcar Cabral esse herói do povo, pensador, filósofo, poeta, e agrónomo cabo-verdiano “não é pertença de Cabo Verde e/ou da fundação e nem o é. E, prova disso, são as várias propostas de parceria e iniciativas de homenagear e dar continuidade ao legado de Cabral” diz Adão Rocha como forma de justificar o facto de a fundação ter proposto a UNESCO celebrar Cabral e inscrever os seus escritos em arquivos de Memorias do Mundo.
Ainda, relativamente aos escritos de Amílcar Cabral, novas obras vão ser publicadas e outras reeditadas. Adão Rocha esclarece que (no passado dia 19 de janeiro de 2024) “a fundação recebeu da gráfica uma versão da reedição do livro infantil ‘Eu Amílcar’. Temos estado a trabalhar, também para a difusão das obras de Cabral a nível internacional e é por isso que estamos a tratar da tradução e publicação em língua inglesa. O trabalho esta sendo feito e, durante todo este ano, as principais obras de Amílcar Cabral estarão editadas em inglês para a versão impressa e digital (online). O que queremos é o que trabalho seja divulgado também lá fora. Temos uma editora portuguesa que esta a trabalhar connosco na tradução e editoras brasileiras também estão a tratar disto. O inglês é muito importante, porque alguns países do nosso continente, africano tem solicitado os livros de Cabral e é a forma mais fácil de fazer a difusão. Inglês tem maior penetração”, enfatiza o administrador da Fundação Amílcar Cabral.
No mês de março, por exemplo, mês da mulher, da poesia e da árvore as facetas de Amílcar Cabral poeta, escritor, defensor da emancipação da mulher vão ser evidenciados com palestras, debates de reflexão e outras iniciativas: “Amílcar Cabral era um homem e um agrónomo avançado para a sua época. Neste momento, o ambiente é uma questão muito em voga e ele na altura, já tinha pensado em algumas questões de melhoria da agricultura, por exemplo. Muito avançado! Esta a ver? A questão do género? Um homem que em plena luta armada, nas matas da Guiné falava sobre o direito e igualdade entre homens e mulheres. E todo o mês de marco vai ser dedicado as mulheres e vamos mostrar a faceta poética de Cabral, também. Assim como, no mês de julho, mês da cultura”, completa.
Todo o legado de Amílcar Cabral será explorado. Para março, abril e maio estão previstos um colóquio internacional, comemorações conjuntas “do 25 de abril, da libertação dos ex-presos políticos de Tarrafal de Santiago (que se sucedeu uma semana após o 25 de abril) e para tal uma comissão mista de organização com membros de Cabo Verde, Portugal, Angola e outras ex colónias portuguesas”, explica Adão, vão dar corpo as actividades e destacar a contribuição de Amílcar Cabral para o 25 de Abril, que acelerou a libertação das ex-colónias. O Administrador da Fundação Amílcar Cabral, Adão Rocha afirma que em articulação com a edilidade praense, o Festival Internacional de música da Gamboa assinalada, anualmente e que marca o dia do município da Praia, este ano, homenageia também Amílcar Cabral.
Já no mês das celebrações das datas das independências de Cabo Verde e Guine Bissau, mês de julho, a proposta da Fundação Amílcar Cabral é da realização da taça Amílcar Cabral e torneios desportivos com a participação das selecções nacionais de futebol de Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Conacri e Senegal. Por ser um assunto fora da alçada da fundação, Adão Rocha garante que contactos com as edilidades e instituições oficiais ligadas ao desporto nesses países estão a ser contactadas para o efeito. O ponto alto do centenário de Amílcar Cabral, como não podia deixar de ser, está agendado para o dia 12 de setembro de 2024 assegura Adão Rocha. Para além das cerimónias oficiais, como por exemplo, sessão solene com a imposição de coroas de flores no Memorial Amílcar Cabral na Várzea, “a UNESCO deve anunciar a celebração mundial de Amílcar Cabral no dia em que o viu nascer”, garante ao Portal Vozes o Administrador da Fundação Amílcar Cabral, Adão Rocha.
Saiba mais sobre Almícar Cabral