Agricultura sustentável em Angola

Start-up universitária quer fornecer fertilizantes a pequenos agricultores do país

Da Redação.

Equipe da Agrocultiva. José Coio, o último a direita, é o idealizador do projeto.

Todo o fertilizante utilizado na agricultura em Angola é importado e isso eleva o custo da produção agrícola do país. Para ajudar a resolver este problema e permitir que os pequenos produtores tenham acesso a este tipo de produto, estudantes universitários criaram a start-up AngolaCultiva, que quer implantar maneiras sustentáveis de plantio e se tornar uma referência nesta área do país africano.

O grupo fez uma análise que identificou que pela falta de acesso os produtores rurais fazem seu próprio adubo, por meio da compostagem. Só que este processo é lento e pode levar até seis meses para se ter um produto que possa ser utilizado nas lavouras. O projeto da AngloCultiva criou uma máquina de compostagem que acelera este processo que pode chegar a ser de menos de um mês.

Além disso, a start-up quer tornar o acesso a estas máquinas mais democrático disponibilizando, ela mesma as compostadeiras nas comunidades e fazendo a produção em massa para as localidades. Com isso, os agricultores comprariam o fertilizante de forma subsidiada e muito mais barato que o importado reduzindo o custo de produção e permitindo uma maior demanda.

Este trabalho surgiu no Instituto Superior Politécnico de Tecnologias e Ciências de Luanda e venceu as etapas angolana e africana do ClimateLaunchpad 2022, maior concurso verde do mundo, terminando a fase mundial entre os 30 melhores projetos daquele ano.

Esta exposição ajudou o grupo a sair da etapa de estudos para entrar na fase de construção da máquina e agora, em 2023, já estão em campo com os protótipos para testes e mesuração efetiva de quanto resíduo orgânico precisa ser utilizado para produção e quanto adubo é gerado no menor tempo possível.

Outro projeto da AngoCultiva que também foi levado ao ClimateLaunchpad 2022 é a produção de biofertilizantes a partir de bactérias. Uma delas é a Rizóbio, que capta o nitrogênio da atmosfera e o torna disponível para as plantas e, com isso, dispensa o adubo químico nitrogenado, que depende do petróleo para ser fabricado. O nitrogênio, por sua vez, é um importante nutriente para o crescimento das plantas, as quais são, de sua parte, essenciais para a formação das proteínas.

A Rizóbio pode ser extraída das leguminosas como feijão, ervilha, soja entre outras. Feita esta extração ela pode ser levada para o laboratório e a partir daí ser reproduzida e entrar na produção de  biofertilizantes, processo que combate fortemente a emissão de gases que causam o efeito estufa no planeta.