O projeto Marimba tem como objetivo valorizar a produção musical em Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste e incentivar a criação artística contemporânea de jovens músicos.
Por Redação.
O Marimba concentra sua atuação prioritariamente na área da música. O projeto pretende promover o conhecimento e a valorização do patrimônio musical dos países participantes, por meio de ações de pesquisa, digitalização, promoção e distribuição internacional. Além disso, vai incentivar a criação artística contemporânea de jovens músicos do PALOP (Países Africanos de Língua Portuguesa Oficial) e Timor Leste, de forma a contribuir para o resgate das suas identidades culturais, a dignificação do seu estatuto artístico, a divulgação das suas obras e a promoção das suas carreiras à escala internacional, fomentando em particular o acesso das jovens mulheres dos países participantes à profissionalização em setores criativos.
O Projeto Marimba teve início em 2022 e é uma iniciativa da produtora portuguesa Soundsgood, que obteve financiamento no Programa Procultura, da União Europeia e do Instituto Camões. Sua primeira ação aconteceu agora no mês outubro com a primeira edição do Concurso de Bandas Emergentes, na qual foram selecionados seis projetos artísticos oriundos de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste. O concurso atraiu cerca de 40 candidaturas, que foram análisadas por um júri internacional composto por artistas e agentes do setor.
De Angola, destacaram-se Sara Saka e Cleyton M; da Guiné-Bissau Jery Biden Quarteto; de Moçambique a Banda M’Laio e os The Hood Brodz; e de Timor-Leste os The Kraken. Os artistas e bandas selecionadas serão agenciados pela Marimba Booking / Soundsgood e receberão um prêmio em dinheiro para alavancar suas carreiras musicais.
Inspiração nas origens
O nome do projeto foi inspirado na na marimba, instrumento musical amplamente divulgado pelo mundo com origem nos xilofones africanos (ainda hoje encontrados em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau) e que tiveram a sua origem nos gamelões do Séc. I da região da Indonésia cujos ritmos influenciaram também a música de Timor-Leste.
O Marimba na descrição de seu trabalho aponta que “a inovação e a criação artísticas têm como recurso base o patrimônio imaterial, e que o seu conhecimento e divulgação se assumem como contribuição essencial ao desenvolvimento artístico, cultural e socioeconômico das nações”. O foco de atuação do projeto também resulta do atual contraste entre, por um lado, a qualidade e diversidade do patrimônio e criação musical dos países envolvidos e, por outro, a sua reduzida expressão e reconhecimento nos mercados internacionais, que segundo os coordenadores do Marimba impede os jovens criadores de prosseguir uma vida profissional nos setores culturais e criativos.
O modelo de gestão previsto para o Marimba está suportado em três pilares fundamentais: a constituição de um consórcio internacional formado em um modelo de rede colaborativa, com presença efetiva em cada um dos países participantes; a criação de uma plataforma digital de colaboração, registo, compartilhamento, divulgação e comercialização; a criação de uma editora transnacional entre os países participantes, que promova e distribua as edições fonográficas geradas no âmbito do projeto bem como os seus autores e intérpretes.
Em Angola e Moçambique o Marimba fará uma grande pequisa sobre o patrimônio musical em arquivos públicos presentes em instituições e rádios estatais, e no que está disponível também em arquivos privados. Na Guiné-Bissau e no Timor-Leste, o trabalho será direcionado na área da antropologia e etnomusicologia. O projeto tem prazo de duração até 2025, e neste período está previsto a edição de 11 coletâneas discográficas, a publicação de livros com letras e partituras e de trabalhos de pesquisa musical.
O Marimba conta cinco embaixadores culturais: Paulo Flores e Nástio Mosquito (Angola), Manecas Costa (Guiné-Bissau), Stewart Sukuma (Moçambique) e Etson Caminha (Timor-Leste).