Por João Palomino.
Numa mesa de restaurante em Luanda, capital de Angola, aguardava o garçom com um grupo de amigos locais e brasileiros.
Restaurante típico português, nos fundos de uma construção comercial, decorado por vinhos, bandeiras, artesanato tribal em madeira e muito colorido.
Fazia muito calor naquela parte de Luanda, o centro antigo, antes ocupado por casarões coloniais e que deram espaço às grandes corporações com o tempo.
Aí que se deu o diálogo “constrangedor”: chega o garçom, conhecido dos amigos angolanos, e parecia determinar o pedido.
“- Tudo fish?” Foi o que entendi da fala dele, fish, peixe em inglês.
Logo me antecipei, incomodado com a “destreza” do querido garçom.
“- Tudo fish não, quero frango, Chicken, se preferir.”
E veio uma enxurrada de risos, especialmente do nosso intrépido, atrevido e risonho garçom. Nessa hora já era tom de claro deboche, tenho certeza.
“- Ele está a perguntar se está tudo fixe, não se queres fish, entendeu?”, tentou esclarecer um dos angolanos.
“- Não, acho que não.”
Ao que veio a simples explicação entre gargalhadas e tapinhas nas costas.
F-I-X-E, assim, com “X” e “E” mesmo, é daquelas palavras que uniram parte da cultura da língua portuguesa, apenas parte porque nosso Brasil ficou bem de fora.
FIXE significa bacana, porreta, legal.
“- Ah, agora sim, entendi. E como respondo?”
“- Bué da FIXE”, me ensinaram. Muito legal, muito da bacana, significa.
“- Pronto, agora é Fixe pra tudo.”
“- E o fish? Fixe?”
“- Fixe”, convencido de que deveria mesmo comer peixe.