A honraria atribuída ao escritor e tradutor português pelo conjunto da obra está na 35 edição
Por Redação, Lisboa.
O Prêmio Camões, que reconhece a excelência literária da lusofonia, foi concedido, em 2023, a João Barrento, 84 anos, ensaísta e tradutor português, nascido em Alter do Chão, distrito de Portalegre, no Alentejo.
João Barrento, que recebeu com surpresa a notícia do prêmio, considerou o Camões, que é atribuído pelo conjunto da obra, como reconhecimento do seu trabalho de tradução, que além de ser de língua portuguesa, exige uma criatividade quase igual ao da escrita original.
“Talvez faça algum sentido pensar num prêmio como este, não apenas para os grandes gêneros literários, como o romance ou a poesia, mas também como o ensaio ou mesmo a tradução, porque é um trabalho sobre a língua, a língua de Camões, está no nome do prêmio, que exige uma criatividade que, no meu caso, considero-a quase equivalente à da escrita original”, disse.
“A mim sempre me interessou descobrir novos horizontes e descubro-os constantemente, para escrever para divulgar novos autores e isso nunca derivou do fato de ter recebido algum prêmio. Foi sempre decisão minha, inclusive, os autores mais importantes que eu tenho traduzido cá não foram sugestão dos editores, não foram encomenda, foram quase sempre sugestões minhas”, acrescentou.
O escritor foi cronista de jornais, crítico literário, licenciado em Filologia Germânica, também foi Leitor de Português na Universidade Hamburgo e, entre 1986 e 2002, professor de Literatura Alemã e Comparada e de História e Teoria da Tradução na Universidade Nova de Lisboa.
O trabalho literário de João Barrento compreende obras que vão desde o século XVII até à atualidade. Eles traduziu as obras alemãs “A Metamorfose”, de Franz Kafka; “Estou Só e Fora do Mundo”, de Robert Walser; “O Tempo Aprazado”, de Ingeborg Bachmann; “O Homem Sem Qualidades”, de Robert Musil e “Diários de Viagens”, de Walter Benjamin.
As obras de suas autoria são “Breviário do Silêncio”, conjunto de textos ensaísticos, “Aparas dos Dias – A escrita na ponta do Lápis” (Companhia das Ilhas), conjunto de ensaios, discursos públicos, entrevistas e entradas de diários.
Outras edições
O prêmio Camões de 2022 foi concedido ao brasileiro Silviano Santiago. Já o de 2021 foi atribuído à escritora Paulina Chiziane e o de 2019 a Chico Buarque. O Camões também já foi concedido a Miguel Torga, Vergílio Ferreira, Jorge Amado, João Cabral de Mello Neto, Vergílio Ferreira, Rachel de Queiroz, José Saramago, Pepetela, Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade, Agustina Bessa-Luís, António Lobo Antunes, Mia Couto.
Criado em 1989 entre Portugal e o Brasil, o prêmio, um valor monetário de 100 mil euros, é atribuído em conjunto pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, no Brasil.