“Novo” Mundial impacta Eliminatórias e aumenta chances de africanos
Por Lucas Ayres, São Paulo.
É com Fernando Diniz e muitas perguntas que a seleção brasileira inicia sua caminhada rumo à Copa do Mundo de 2026. De quebra, dá a largada, junto aos países sul-americanos, do calendário oficial das Eliminatórias da FIFA — o torneio da Conmebol é o primeiro, entre os cinco continentes, a iniciar a competição.
A presença do novo técnico, inclusive, é o que realmente gera expectativa, ou no mínimo curiosidade, para a torcida brasileira na disputa das qualificatórias.
Seja pela natureza pouco explicada do cargo de Diniz, interino e ‘dividido’ com o Fluminense, ou pelo estilo peculiar de trabalho do treinador, acompanhar essa história promete mais emoções do que a disputa em si pela vaga na Copa do Mundo de 2026. Esta, em especial, uma mera formalidade.
Único país a disputar todas as edições da história do Mundial até aqui, o Brasil já encarava as Eliminatórias como algo cotidiano. O novo formato do torneio da Copa, com 48 times e consequentemente duas vagas diretas a mais para os países da Conmebol, só aumentou o distanciamento. Já Portugal, que participou de oito mundiais começa a busca pela vaga nas eliminatórias europeias em 2025.
“Nova” Copa do Mundo faz países de língua portuguesa sonharem
Mas se o que para a seleção brasileira é mundano, para as seleções de países da CPLP, em especial os africanos, é oportunidade. São mais vagas, afinal.
A reformulação da Copa do Mundo praticamente dobrou o número de seleções classificadas pela Confederação Africana de Futebol (CAF). Se antes eram cinco, agora serão nove, com a chance de mais uma a partir da repescagem internacional.
Nesse sentido, Angola e Cabo Verde são os países que mais se permitem sonhar com a disputa do Mundial de 2026. O primeiro por ser o único dos países africanos de língua portuguesa oficial a participar do torneio, em 2006; o segundo por ter a melhor posição entre os africanos do PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) no ranking da FIFA; ambos por terem referências técnicas de carreira internacional.
Os angolanos Hélder Costa (Leeds United-ING) e Luvumbo (Cagliari-ITA) formam a dupla criativa dos Palancas Negras, enquanto os caboverdianos Bryan Teixeira (Sturm Graz-AUS) e Bebé (Rayo Vallecano-ESP) são os responsáveis pelos gols dos Tubarões Azuis.
A grande ironia é que Angola e Cabo Verde estão no mesmo grupo das Eliminatórias para a Copa do Mundo 2026, o D, que tem Camarões como principal candidato à vaga direta.
Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe também dividem um grupo, o H, que tem a Tunísia como seleção mais tradicional. Já Moçambique atua pelo grupo G, de Argélia e Guiné, enquanto Guiné-Bissau joga pelo grupo A, de Egito e Burkina Fasso.
Sonho distante
Se serve de alento, a situação geral dos africanos da CPLP antes dos sorteios dos grupos já não era simples. Apesar das nove vagas diretas para a Copa, o continente africano conta com nada menos que dez seleções com mais de uma participação no Mundial. Oito delas, inclusive, são cabeças de chave dos nove grupos das Eliminatórias Africanas.
Das restantes, apenas a África do Sul caiu no mesmo grupo de umas das equipes do ‘G10’ mais tradicional do continente, junto da Nigéria, no grupo C. No grupo I, Gana, que teve participação de destaque na Copa de 2022, terá Mali como cabeça de chave.