Por Larissa da Silva
No dia em que se comemora os 49 anos da independência de Moçambique, 25 de junho, o Portal Vozes entrevistou Elisio Macamo, sociólogo e professor moçambicano, para lembrar o que foi o processo e o que representou para o povo.
Macamo reforça que o país precisa voltar ao projeto de independência e que as elites políticas do país não estão comprometidas com os valores que conquistaram, como a dignidade para todos os cidadãos moçambicanos.
Confira a entrevista completa:
Quem é o Elisio Macamo?
Me chamo Elisio Macamo, sou de Moçambique, duma cidade a 200 quilômetros da cidade capital, Maputo. Uma cidade que se chama Xai-Xai. Passei metade da minha vida em Moçambique e a segunda metade fora, porque vim estudar aqui na Europa.
Estudei na Inglaterra, depois mudei-me para a Alemanha, onde fiz doutorado, aquilo que nós chamamos de agregação. E depois disso, mais tarde, consegui emprego como professor de sociologia e estudos africanos na Universidade da Basileia (Suíça), que de onde eu estou a falar neste momento.
Já que o nosso tema é a independência de Moçambique, eu sou 10 anos mais velho do que a independência.
É um privilégio ter conhecido uma parte da vida do período colonial, é verdade que eu era muito novo, mesmo assim deu para perceber algumas coisas e também deu para perceber o que era viver em um país que era colônia e num país que não era mais colônia. Isso deu-se sobretudo no período da independência, que foi uma euforia, uma alegria, um alívio.
Acho que só a experiência própria é que realmente pode transmitir o significado que isso tem.
Das suas memórias, você tinha 10 anos, o que você lembra? Qual era sua realidade?
Para o contexto colonial, eu acho que eu tive uma infância privilegiada, por uma razão muito simples.
No período colonial, fazia-se uma distinção entre aqueles que eram considerados Assimilados e aqueles que eram considerados Indígenas (Estatuto do indígena). Meu pai conseguiu o estatuto de assimilado e isso trazia muitas vantagens no período colonial. Uma das vantagens, por exemplo, era poder mandar os filhos para as mesmas escolas que eram frequentadas pelos portugueses. Os indígenas não tinham esse direito.
Outra vantagem era, vantagem entre aspas, tinha obrigação do pai falar potuguês com seus filhos, o que significa que eu aprendi praticamente a língua portuguesa antes de ir a escola e a língua portuguesa transformou-se quase em uma primeira língua pra mim e isso tem todo tipo de vantagem, sobretudo num contexto onde o ensino é em língua portuguesa. Poder falar e escrever portugues era vantajoso.
Então por causa disso que eu digo que a minha infância foi privilegiada, mas claro que havia todas as limitações que haviam com o fato de sermos africanos, não só africanos, mas de cor negra. Portanto nós tínhamos o nosso lugar na sociedade colonial e nós sabíamos que tínhamos esse lugar, para além das vantagens que aqui eu me referi em relação a assimilação, paravam por aí, não significava que, por exemplo, nós tivéssemos uma condição econômica extraordinária. Nós não tivemos.
De qualquer maneira deu para perceber a diferença que fez, passar a ser nacional de um país independente.
Qual era a língua de origem dos seus pais?
Meus pais nasceram e cresceram numa região de Moçambique para onde os seus avós tinham praticamente migrado. Então eles falavam um dialeto da língua que é falada no sul de Moçambique, chama-se Tsonga, que traduzido até quer dizer “do sul”. E o Tsonga tem vários dialetos. O dialeto que meus pais falam é o xítsua e esse dialeto é falado praticamente numa província de moçambique que se chama Inhambane, província mais ao norte no sul. É a língua predominante falada no sul. Mas meus pais mudaram muito cedo para a cidade de Xai-xai, onde o dialeto dominante é o xangana, então os meus pais falavam xítsua, mas nós crescemos falando xangana que é a língua da cidade e no bairro onde nascemos. Mas são dialetos próximos, por isso a gente entende com muita facilidade.
Já agora na cidade de Maputo se fala outro dialeto que a ronga, que é também um dialeto do tsonga, que é um dialeto falado em todo o sul.
Mas também é importante incluir um outro aspecto que é, vivendo aqui na Europa, a experiência que eu tenho é da dificuldade que muita gente tem com a multiculturalidade, né? Que pra mim não é um problema, porque eu cresci neste meio, falavam muitas línguas. No bairro onde eu cresci, falava-se várias línguas, falava-se o xangana, o xítsua, falava-se o guitonga, que é uma espécie de crioulo do sul, português, também falava-se hindi, porque tinha uma população indiana considerável, praticavam também várias religiões. Então essa questão do multiculturalismo, é uma questão normal para mim e creio que para muitas pessoas na África.
Então é sempre muito estranho ver a dificuldade que os europeus têm com isso.
O que a independência de Moçambique representou para o povo moçambicano?
Essa pergunta é muito importante. Me dá uma oportunidade também de refletir, ainda mais que esta entrevista está a acontecer no dia da independência (25 de junho).
As pessoas que se juntaram para pensar a libertação, porque para Moçambique ficar independente foi necessário que se fizesse uma luta armada de libertação nacional, que foi de 1964 a 1974. E a pessoa que juntou esses movimentos, uma pessoa que morreu ainda durante a luta armada, se chama Eduardo Mondlane. A principal universidade pública de Moçambique tem o seu nome, em Maputo. Ele escreveu um livro na altura, para refletir o significado da libertação, o título até é “Lutar por Moçambique”, e tem uma passagem no livro que parece central para apurar o significado da independência, que ele fala justamente sobre essa questão da assimilação.
Para ser Assimilado, era preciso adotar novas formas de vida, portanto praticamente adquiriar uma nova cultura, uma nova forma de estar no mundo, por exemplo falar a língua portuguesa, ser crente, praticar a religião cristã, abandonar certas práticas culturais, como a poligamia. Todas essas coisas. Só nessa condição que o africano era aceito.
Então o Eduardo Mondlane disse para nós sermos aceitos como pessoas, precisamos deixar de ser africanos, então esse é o significado da independência pra mim. A independência significa nós deixarmos de termos que ser outra coisa pra sermos nós mesmos, ou pelo menos para termos a liberdade de escolher, e seja nós o que for, termos a liberdade individual e não por imposição.
Cada vez que vem um 25 de junho, a única coisa que eu tenho na cabeça é justamente essa. Eu tenho uma noção, eu tenho uma bandeira e o que significa que eu posso ser eu mesmo.
Poderia explicar o pós-independência, como esse país se organiza a partir da independência?
Nada acontece fora da história, mas tudo o que acontece faz a história. A independência de Moçambique não poderia ser outra coisa senão o momento histórico do mundo.
Então a luta pela libertação, a luta pela independência nacional deu-se num contexto mundial bem específico. Caracterizado sobretudo pela guerra fria. Caracterizado também pela presença, pela disponibilidade, de certas narrativas que poderiam ser utilizadas pela luta da libertação.
Então nos anos 50, 60 e 70, a narrativa mais dominante para contextualizar a luta pela independência, foi a narrativa marxista, tanto que é desses países que vinham a maior parte da ajuda para a luta. Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, em todos esses países a maior ajuda veio dos paises na altura chamados de bloco do leste, portanto países socialistas, incluindo a China.
Agora era uma narrativa, não foi adotada por oportunismo, não foi porque dessa maneira os que lutavam pela liberdade haviam de poder garantir ajuda. Ela foi adotada também porque fazia muito sentido, dava coerência àquilo que as pessoas queriam fazer. As pessoas não viam o colonialismo simplesmente como uma questão racial, eles viam o colonialismo como uma questão estrutural, uma questão que tinha haver com a estrutura econômica mundial, que era determinada pelo sistema capitalista que é caracterizada por aquilo que no marxismo se chama de exploração do homem pelo homem.
Então essas pessoas realmente acreditavam que a liberdade só fazia sentido se ela fosse para além da bandeira, que criasse uma nova sociedade que não fosse caracterizada pela exploração do homem pelo homem. Uma sociedade socialista.
É preciso ver que as pessoas que estavam no movimento, principalmente do ponto de vista intelectual, eram pessoas que estavam a estudar na Europa , numa altura onde o discurso marxista era muito forte. Então são essas pessoas que proclamam a independência em Moçambique e o resultado disso procura também criar um Moçambique com essa narrativa. Portanto muito voluntarismo, aquele espírito revolucionário e por aí fora.
Agora o problema é o seguinte, o marxismo tem talvez 2 defeitos. Vou me concentrar em dois.
O primeiro defeito não é assim diferente do projeto do Iluminismo que sempre foi responsável, digamos assim, pela limitação de liberdade humana, ao mesmo tempo que proclama a razão também é intolerante em outras maneiras de viver a vida.
A Larissa (jornalista que entrevistou) é brasileira e sabe a influência que tiveram no Brasil. Vocês tem na vossa bandeira, Ordem e Progresso, são palavras extraídas do fundo do projeto do iluminismo. agora em Moçambique nós extraímos essa ideia do iluminismo do outro lado, do mesmo lugar, mas do outro lado. Então isso fez com que o regime político que se instalou fosse intolerante à diferença, inclusivamente fosse intolerante com a própria cultura moçambicana. Muita coisa foi tratada como obscurantismo, um discurso modernista muito forte. Então esse é o primeiro defeito.
O segundo defeito é o não reconhecimento do pluralismo, sobretudo ao nível político, aquela ideia de que não há espaço para deliberação que contraria a ideia que os governantes têm do que é bom para todo país. Nós tivemos um sistema de partido único, era o que se fazia em todos os países de orientação socialista, marxista, e por causa disso aí muitas das coisas que aconteceram em Moçambique a partir de 1975, ano da independência, explica-se a partir desses dois defeitos. O sistema político que se instaurou tornou-se vulnerável a qualquer tipo de acesso.
Nós tivemos uma longa guerra civil, de 16 anos, e é verdade que no nosso discurso oficial essa guerra é entendida como uma guerra de desestabilização, talvez seja importante acrescentar um aspecto, quando se proclama a independência em Moçambique em 1975, havia ainda na região, dois regimes minoritários de dominação branca. Na Rodésia do Sul, que hoje se chama Zimbabué e na África do Sul, com o sistema de apartheid. E é claro que a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) quando proclama a independência, também se identifica com a luta dos sul-africanos e dos zimbabweanos e por isso dá apoio a essa luta, e passa a ser inimigo da África do Sul e da Rodésia do Sul, esses dois países também fizeram guerra com Moçambique.
Não quero criar polêmica, mas é um pouco o que está acontecendo na Ucrânia, um país que é independente e a metrópole não quer a independência e arranja todo tipo de pretexto para invadir esse país. Foi o que aconteceu conosco.
Esse é o pano de fundo sobre o qual algumas reações dos moçambicanos a esses defeitos tem que ser vistas. Foi uma guerra de 16 anos, até que chegou em 1992, chegaram em um acordo de paz e abriu-se o sistema político. Então nós temos este momento, podemos assim dizer de 1ª República, que é uma república caracterizada pelo sistema político fechado e até certo ponto autoritário, que cria uma vasta gama de problemas pelo país e só com o fim da guerra civil, guerra de desestabilização e com isso se abre um sistema de democracia multipartidária, que é o que temos desde 1994, desde as primeiras eleições gerais, portanto até agora.
Como é a memória da independência hoje para a sociedade moçambicana?
Acho que há 3 aspectos a ter em conta. O primeiro aspecto é geracional, portanto da idade, os jovens e os mais velhos veem essas coisas de formas diferentes. Os mais velhos, e eu me incluo nessa geração, tem memória do tempo colonial, sabem como foi, viveram nessa altura, sabem por exemplo que as coisas funcionavam para o contexto, para os padrões de tempo que por exemplo, a pessoa podia ter emprego e com emprego podiam fazer a sua vida, as pessoas têm a memória disso, mas as pessoas também tem a memória da sensação de serem cidadãos de segunda, de não serem cidadãos, de serem sujeitos, súditos, portanto essa memória existe. E por causa disso, as pessoas da minha geração tem uma forma ligeiramente diferente de vivenciar o significado do 25 de junho. Podem entender a decepção que é o lado econômico, o lado estrutural, mas ao mesmo tempo apreciam a importância, tanto para recuperar, a importância de sermos nós mesmos.
Agora os jovens não têm essa memória, como nós. O que os jovens têm são as preocupações de hoje e que são enormes, é preciso não esquecer disso. E pior ainda, a forma como é feita a gestão do poder em Moçambique, transforma as elite políticas dominantes numa espécie de elite colonial, são pessoas que dispõe dos recursos do país ao seu prazer, são pessoas que excluem outros de acesso aos recursos do estado. Portanto a frustração dos jovens é enorme e não é diferente do a minha geração e os mais velhos ainda sentiam do período colonial, de não se sentirem valorizados, de se sentirem estrangeiros em sua própria terra. Esse é o primeiro aspecto.
O segundo aspecto é talvez mais acadêmico, o fato de a gente se tornar independente não significa que nós vamos trazer da noite para o dia o bem estar para todos. Se é uma coisa que a situação colonial faz, é justamente complicar a situação de um país.
É preciso ver que nós pela independência, pela colonização, nós somos obrigados a fazer parte de um mundo que não foi feito à nossa imagem. Nós temos que nos ver dentro deste mundo aí e não é fácil.
Então pode parecer altruísmo isso aqui, mas 1975 a gente se torna independente e haviam poucos negros na universidade, na unica universidade que gavia. Portanto o nível de formação dos moçambicanos era muito baixo. E eu tiro o chapéu aos que proclamaram a independência, por aqui que eles fizeram a este nível da educação. Hoje o nível de gente formada em Moçambique, se alguém tivesse dito em 1975 que um dia nós tenhamos tantos moçambicanos formados, ninguém acreditaria. mas essa também é a base para vermos os problemas do país
Eu falei por exemplo do problema da violência da guerra civil, seria bom quando a gente fosse independente, a gente também tomasse uma vacina para cometer erros. Então os erros fazem parte do próprio processo de crescimento, de consolidação deste espaço de nação que foi criado em 1975, portanto é natural que tenha retrocessos, é natural que a gente sofra, é natural que a gente não consiga realizar o sonho de bem estar. Não sei quem sabe ao menos em 100 anos. A gente sempre tem que tomar isso em consideração, mas claro, também temos que considerar as decepcoes dos jovens. considerar que eles não se sintam satisfeitos com as coisas. Isso é o segundo aspecto.
Agora o terceiro aspecto tem haver com o compromisso que as elites políticas têm com aquilo que eu chamo de projeto de independência. E para mim a questão central é saber que papel desempenha essa ideia de projeto de independência na cabeça dos políticos de Moçambique. Para mim o processo de independência consiste na proteção da dignidade humano de Moçambique e significa várias coisas, tem o lado econômico, tem o lado cultural, de reconhecimento, da identidade, tem todas essas coisas, nós fizemos a luta pela independência para garantir essas coisas todas, a questão aí é saber se isso aí figura no pensamento político de quem governa Moçambique. A minha impressão é que nós ao longo dos anos fomos perdendo de vista o projeto de independência e nós precisamos recuperar a independência.
O que é Reparação Histórica, o que precisamos discutir com Portugal?
É um tema muito difícil, porque ele tem haver com coisas complexas. Eu vejo três coisas.
A primeira coisa, a questão da reparação na Europa é uma questão de honestidade intelectual, até de integridade intelectual e ética, portanto o país europeu que se mete na discussão sobre as reparações está a aceitar a ideia de que agiu em contravenção dos seus próprios valores.
O que eu acho sempre interessante, por exemplo, aqui na europa nunca houve, em nenhum desses países, uma discussão séria sobre o que o colonialismo e que o comércio de escravos significa para a ideia que eles têm dos seus próprios valores.
É por isso que uma vez eu argumentei que os europeus não devem desculpas a nós, os africanos, eles devem desculpas a si próprios, porque eles agiram contra o que eles proclamam como os seus valores.
O segundo ponto, é que esses valores não são uma coisa, portanto a ideia de dignidade, de liberdade, de progresso, tudo isso aí é bom. Então nós africanos não vamos jogar fora o bebê com a água suja. Nós temos o interesse em manter o bebê, em defender esses valores, é importante para nós próprios. Mas não é porque são valores europeus que são valores que se revelaram bons para toda a humanidade. Foi por exemplo, com algumas ideias que os europeus queriam que fossem vistas como se fossem suas, que nós fizemos a luta pela libertação nacional. A questão da independência, da emancipação, da liberdade, tudo isso esteve por detrás da luta pela independência. nos temos todo o interesse de vestir a nossa energia na proteção desses valores. E é aí que levantam o grande problema. Até que ponto nós próprios temos sido consequentes e coerentes na proteção desses valores na ligação com outros africanos? Eu costumo dizer com muita tristeza, nós os africanos, em 60 anos de independência, provavelmente matamos mais africanos do que os europeus durante toda a colonização, excluindo naturalmente o tráfico de escravos, de pessoas escravizadas. Então há aqui uma necessidade muito grande da gente nao entrar nessa coisa de, de arrogância moral, de fingir virtude onde não há virtude. Precisamos discutir em África. O fato de nós sermos vítimas, não faz de nós gente virtuosa, a vítima pode ser perpetuadora, pode ser pior. Nós temos que ter cuidado com isso. Esse é o segundo aspecto.
O terceiro aspecto é esse mesmo, infelizmente não existem direitos de autor sobre a história. O roteiro da história não está escrito até o fim, não somos autores que alguém simplesmente escreveu, nós estamos a fazer a história é uma maneira é de fato colocar em discussão aquilo que eu falei que faz de nós todos humanos, o que é que permite conversar com um português, um francês, um brasileiro branco, nós temos que identifica também essa conversa, como é que tem que ser feita. E se o resultado dessa conversa for a reparação, tudo bem, mas não creio que a gente deve entrar na conversa já de antemão que no fim disso aí nós vamos ter a reparação. Tanto que nós não podemos esquecer, algo que doe muito em dizer, mas não devemos esquecer o papel que os próprios africanos têm nessas coisas todas, não fomos inocentes esse tempo todo. E não reconhecer isso aí, é ter uma atitude colonial em relação ao próprio africano é que se nos.
O que nós precisamos defender e lutar em Moçambique nos próximos 49 anos?
Acho que nesse aspecto eu sou modesto. Eu acho que nós temos que recuperar o projeto da independência, nós temos que voltar ao projeto de independência, nós temos que nos colocar no centro de todas as políticas que nós fazemos.
Nós perdemos de vista o projeto de independência, perdemos essa questão de saber o que significa lutar pela dignidade humana, ter uma pátria, ter uma bandeira. Esse é o grande desafio, não tenho nenhum outro. Mas temos que ter a capacidade de nos indignar quando vemos que os frutos da independência não estão a chegar pra toda gente, esse é o grande desafio e eu não tenho a sensação que a nossa elite política tenha consciência disso. eu até receio que uma boa parte da nossa elite política tenha perdido completamente de vista esse projeto, dai todos esses problemas que nos estamos a ter. Ainda sobe o risco de inviabilizar-se completamente nosso país.