Nome da ativista é referência no desenvolvimento das políticas públicas em Portugal
Da Redação.
Trabalhos de pesquisa feitos sobre o combate ao racismo e a xenofobia poderão receber condecorações em Portugal através de uma distinção com o nome da ativista brasileira Marielle Franco, que foi assassinada em 2018 e se tornou um símbolo das vítimas da violência política no Brasil. O prêmio, que será criado pelo Observatório do Racismo e Xenofobia português, faz parte do acordo institucional entre o governo brasileiro e a entidade portuguesa.
As conversas sobre a criação do prêmio aconteceram em Lisboa, no âmbito da visita da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, em abril de 2023, junto com a comitiva do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O acordo também prevê o trabalho em conjunto, para uma maior cooperação no combate aos casos de xenofobia e racismo. Além disso, existe a necessidade da produção de dados sobre a população negra em Portugal, englobando migrantes brasileiros e africanos, assim como a inclusão da contabilidade da raça e etnia nos censos, para que possa acontecer a fomentando políticas públicas de integração.
Foi ainda acordado o desenvolvimento de um protocolo de cooperação com universidades brasileiras e portuguesas, para que seja criado um observatório semelhante no Brasil.
No encontro com a direção do Observatório, Anielle Franco declarou que “o Brasil é referência mundial na produção de políticas públicas de igualdade racial, e passa por um momento de avanço com a criação do nosso ministério. Podemos contribuir com Portugal para uma formulação de diagnóstico e no consequente avanço dessas políticas. A parceria com o Observatório é o primeiro passo para isso”.
Anielle Franco se assume “herdeira espiritual” de Marielle. Ela ressalta que a irmã é um símbolo “da falta de acesso das mulheres negras a diversos setores” e também que Marielle foi vítima de “uma violência política extrema que cresce” em todo o mundo no quadro da polarização e dos extremismos existentes.
Segundo a ministra da Igualdade Racial, no Brasil, houve “uma polarização muito grande nos últimos anos, politicamente e ideologicamente falando”, isso somado a um “populismo e uma onda crescente de ódio, de desinformação que também acentua a violência”, afirmou a ministra, que diz nunca esquecer a irmã nas suas posições políticas.
Marielle Franco, irmã de Anielle Franco, foi assassinada em 2018 e se tornou um símbolo das vítimas da violência política no Brasil. A ativista lutava contra a falta de acesso às mulheres negras a diversos setores e também contra a violência política. Seu assassinato ainda continua sem esclarecimento.