Por Beni Dya Mbaxi. Angola.
Uma nação precisa de uma maravilhosa história. Por mais que se derrame lágrimas, tem de haver momento para dizer que agora não se pode mais ouvir nenhum grito de choro. Nem mais uma lágrima no chão. É necessário dizer que a luta continua e a vitória é certa. Angola não fugiu desta regra heróica das grandes nações, por isso, é importante quando temos uma história para contar.
A literatura angolana tem uma riquíssima história, o que se escreveu ontem, ainda anda bem intacta nos escritos dos novos criadores da realidade. A literatura angolana tem como o primeiro livro, “ Espontaneidade da minha alma; às senhoras africanas”, de José da Silva Maia Ferreira, em 1849. Mas, de realçar que a literatura angolana vem das origens, falo da literatura oral, o povo angolano sempre foi um povo de histórias, os Makota sempre tiveram disponibilidade de pontualizar tudo que se passou, caneta não foi problema, as vozes ecoaram para todas sanzalas, e as histórias chegaram aos meninos, que se tornaram jovens, pais e avós e fizeram chegar à mensagem aos seus netos. O tempo foi andando, surgiram várias gerações de escritores e grandes escritores surgiram e escreveram o que tinha de escrever para sustentabilidade da literatura angolana; procuraram trazer nas suas escritas as nossas crenças, tradições, hábitos e costumes. Houve uma geração revolucionária, àqueles que por intermédio da escrita, puderam dizer BASTA! Lutaram contra o regime de opressão que assolava o território nacional, usaram a literatura como o verdadeiro armamento para lutar contra os colonizadores, muitos foram detidos pela PIDE e levados em terras longínquas, mas não desistiram, não se desfizeram dos papéis e canetas, sabiam da eficácia da escrita, sabiam que a literatura tem poder. Sabiam que no final, teriam uma maravilhosa história para contar. Uns lutaram com poesias, outros com contos, outros com romances, mas o importante foi mesmo a luta pela libertação. Embora a literatura angolana ter passado por várias fases de periodização, é importante aqui realçar que cada período foi importante e cada escritor foi essencial para construção da literatura que hoje chamamos de Literatura Angolana.
Passaram décadas e até séculos, hoje, ainda se faz literatura angolana, a que chamamos de literatura angolana contemporânea.
Os novos ficcionistas angolanos vêm produzindo cada dia que passa novas narrativas, nasceram novos contadores de estórias/histórias, na verdade, com novas narrativas, alguns em prosas e outros em versos. Merecem serem lidos por todos.
Claramente que escrevem diferente do que se fez alguns anos atrás. Contemporâneos procuram trazer as marcas dos clássicos da literatura angolana, sem deixar de parte a marca da contemporaneidade, cada um ao seu jeito, obviamente que as realidades são diferentes, e isso faz com que os enredos sejam cada vez mais distintos. Mas, não deixa de ser literatura angolana.
Passam os tempos e nascem novas estórias e novos ficcionistas. Hoje, se escreve tudo que se vê, o que se pensa e sem deixar de lado as utopias dos novos escritores. A literatura contemporânea angolana atravessa uma péssima fase, não há apoio governamental, os novos contadores de estórias além das dificuldades que atravessam para verem os seus livros publicados, eles veem também as suas obras a serem rejeitadas por um público leitor que ainda não se desfez completamente da literatura clássica, para muitos o que se escreve hoje não serve para nada, tenho a percepção que há uma geração inconformada, não aceita o que se faz hoje. O pior é que até àqueles que não leram os clássicos e nem lêem os contemporâneos rejeitam tudo que se escreve hoje. É preciso aceitar o novo, é preciso aceitar a nova geração literária. Cada geração deixa o seu legado! Assim teremos uma literatura angolana contemporânea.