Em Londres, dupla lusófona produz filmes em português
Por Marcelo Ayres, São Paulo.
Filipe nasceu em Lisboa de origem de pais de São Tomé e Príncipe e Henrique nasceu em Angola. Juntos eles criaram a Santano Productions que produz filmes em língua portuguesa como forma de marcar identidade e criar uma rede de ação em comunidade.
Os jovens cineastas já fizeram falados em português, a minissérie Tray São, o filme Condicionado e curta Cereais. Este último premiado em um festival na Índia. Henrique explica que por serem falantes de língua portuguesa faz todo sentido fazer filmes em português como uma forma de apresentar ao mundo a força desta comunidade de países.
Recentemente o longa Condicionado e o curta Cerais foram exibidos no FESTin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, que aconteceu em Lisboa no mês de julho deste ano. Tray São já esteve disponível no canal do YouTube da Santano, no entanto, enquanto estiver, durante este ano participando de festivais e mostras ela ficará fora do canal.
Filipe conta que o idioma além de reforçar uma identidade também é um integrador na hora fazer uma produção, “o ponto mais importante, de fato, é de nós termos pessoas da comunidade, de pessoas falantes de português no mundo de diferentes países, como por exemplo, Angola, São Tomé e Príncipe, Brasil e Cabo Verde e o fato de estarmos todos em um mesmo projeto ou em alguns projetos, juntos, falando a mesma língua, lidando de igual para igual com as diferenças culturais, as pequenas diferenças culturais de cada um destes países. Isso é um lado positivo que reforça a união deste países que falam a língua portuguesa”.
Henrique também sente que os filmes falados em português podem e vão alcançar um destaque próprio, pois como ele destaca a globalização fez com que se mudasse a maneira de assistir aos filmes. Antes se assistiam filmes predominantemente em inglês, mas com as novas mídias e o avanço da tecnologia, já é possível produzir filmes em línguas nativas como por exemplo as africanas e todos muito bons com um alcance muito maior, completa Henrique.
Ainda assim Filipe acredita que existe um espaço que os filmes em língua portuguesa podem preencher, mesmo que ele ainda não seja atingido pela falta de união dos países falantes de língua portuguesa. Uma união que precisa acontecer independentemente das ações políticas oficiais dos governos e ser feita pelas pessoas que vivem em cada um deles por meio de ações de parceria e compartilhamento. “Se nós nos sentíssemos mais próximos uns dos outros, iríamos consumir mais coisas uns dos outros, iríamos produzir mais coisas em conjunto e iríamos perceber que nossa força está aí, nesta união, assim construiríamos muito mais”, destaque Filipe.
Filipe e Henrique também atuam cada qual em seus países de origem, no desenvolvimento de novos projetos. Henrique, que também é escritor, tem projetos de “mentoria”, como ele gosta de chamar, com escritoras e escritores para ajudá-los a escreverem e lançarem seus livros. Ele já apoiou também escritores de Moçambique, São Tomé e Príncipe e até de outros países africanos. Já Filipe criou uma marca de roupas a African Clothing, que é um “Negócio Social”, cujo objetivo é investir os lucros das vendas em ações de desenvolvimento tecnológico em países africanos, a começar por São Tomé e Príncipe, e fazer parcerias com vários artistas de origem africana.