Fenômeno poderá aumentar as temperaturas e provocar chuvas em Portugal e no Brasil
Por Redação, Lisboa.
O período de 2023 a 2027 poderá ser o mais quente de todos os tempos. Assim previu a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Uma das causas é o fortalecimento do El Niño, fenômeno caracterizado por temperaturas superficiais mais elevadas no Oceano Pacífico equatorial, combinado com o aquecimento global provocado pelo aumento nas emissões de gases com efeito de estufa.
O El Niño já provocou um custo médio em termos de prejuízos de cerca de US$3,4 trilhões (aproximadamente R$16, 8 trilhões). O estudo foi feito por Cristopher Callahan e Justing Mankin, da Universidade de Dartmouth, e publicado na revista “Science”. Em 2023, o fenômeno deverá provocar um rombo de US$3 trilhões (R$14,8 trilhões) na economia global até 2029. Os setores mais afetados costumam ser a “saúde, alimentação, infraestruturas e energia”.
Chuvas em Portugal
O El Niño, que está em Portugal desde julho de 2023, pode ocasionar aumento das temperaturas médias e chuva em Portugal a partir de agosto.
A ação do El Niño acontece quando os ventos diminuem e podem inverter a direção permitindo que a água quente, que normalmente está confinada no Pacífico ocidental pelos ventos que sopram de leste a oeste, se espalhe para o leste, chegando até a América do Sul.
Os cientistas ainda estão procurando uma resposta sobre por que isso acontece, mas a desaceleração desses ventos pode durar semanas ou até meses.
Os impactos do El Niño na Europa costumam ser menores se comparados aos de outras regiões do Planeta, como América e África. Ainda assim, a tendência é que cada vez mais os ciclones tropicais estendam a sua trajetória para latitudes mais elevadas, o que aumentará a probabilidade destes fenômenos possam atingir o território Português com categorias mais elevadas e com potencial de destruição maior.
A previsão é que o aquecimento global exceda 1,5°C, e a temperatura global aumente cerca de 0,2 graus Celsius durante o fenômeno, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).
No entanto, os efeitos concretos só deverão ser sentidos no próximo ano, que poderá ser o mais quente da história. Na Europa, pode levar a invernos mais frios e secos no norte e invernos mais úmidos no sul.
Impactos
O El Niño pode causar impactos negativos na África, América Central e Extremo Oriente Asiático. As áreas do norte da América do Sul também estão ameaçadas por uma seca potencial, enquanto na Austrália normalmente diminuem as chuvas.
O fenômeno oposto, La Niña, que tende, pelo contrário, a provocar uma descida das temperaturas, tem estado presente nos últimos três anos.
Quais são os efeitos para o Brasil?
No Brasil, a formação do El Niño pode aumentar as temperaturas e provocar estiagem em partes das regiões Norte e Nordeste do Brasil, segundo pesquisadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Já no outro extremo, em algumas partes da região Sul, o fenômeno deve causar excesso de chuvas. O El Niño costeiro deve impactar no aumento de chuva em parte do Sul do Brasil, entre Santa Catarina e o Paraná, parte de Mato Grosso do Sul e de São Paulo.
Seca em Moçambique
A previsão para Moçambique é de seca nas regiões centro e sul como consequência do El Niño. Devido à sua localização na África Austral, Moçambique está exposto a “impactos significativos” do fenômeno.
O que poderá amenizar os efeitos do El Niño nesse país é o período chuvoso, entre dezembro e fevereiro. No entanto, se as chuvas forem anormais nesse período, os impactos para a agricultura, gestão dos recursos hídricos e produção hidroelétrica serão severos. Moçambique está exposto a fenômenos naturais por causa da ocorrência frequente de fenômenos extremos, na rota de ciclones da bacia do Índico, e devido às vulnerabilidades que o tornam num dos países com maior risco de impacto das alterações climáticas.