Teatro do Oprimido em Moçambique

Grupo “Os Retratistas” trabalha com as comunidades na província da Zambézia

Por Redação

O método do Teatro do Oprimido – que se baseia na democratização dos meios de produção teatral e foi criado pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal, na década de 1970 – é utilizado também em Moçambique pelo grupo de teatro “Os Retratistas”. Constituído em 2000, o grupo de dez atores reuniu-se na Casa de Cultura de Quelimane, em Moçambique, nesse ano com o objetivo de construir um projeto de referência. O objetivo inicial era retratar o dia-a-dia através do teatro. 

“Os Retratistas” conta hoje com 260 membros e trabalha em quinze distritos moçambicanos, na província da Zambézia. 

Para além da democratização, o método utilizado pelo grupo é “forma de fazer teatro onde o público não só assiste, mas passa a ser ator”, como revela Victor dos Santos Mulupata, presidente do Grupo Teatral Os Retratistas (GTR). 

Deste modo, o objetivo sempre foi divulgar mensagens educativas de sensibilização sobre assuntos e problemas relacionados com as comunidades. Ou seja, o GTR utiliza o teatro como uma ferramenta de diálogo com as comunidades, onde elas por si só aprendem as boas práticas de convivências sociais e procuram soluções dos problemas que os afetam no dia-a-dia. 

Os principais temas abordados pelo grupo são a promoção dos Direitos da Criança, desnutrição crônica, prevenção à exploração e abuso sexual, prevenção a uniões prematuras, prevenção à malária, HIV, mudanças climáticas, prevenção a doenças transmissíveis e não transmissíveis, entre outros. 

De acordo com o presidente do GTR, a importância de tratar esses temas nas peças é de despertar e chamar a atenção às comunidades de modo a adotarem boas práticas e mudança de comportamentos de riscos para comportamentos aceitáveis. 

“Os Retratistas” possui algumas parcerias com organizações mundiais, como Save the Children e FGH (Friends in Global Health). Essas parcerias começaram a surgir em 2013 quando o grupo concorreu a uma oportunidade lançada pela UNICEF Moçambique, promovendo, assim, a expansão e maior visibilidade do trabalho do GTR. 

O Teatro do Oprimido surgiu com a ideia de promover o acesso das camadas sociais menos favorecidas e a transformação da realidade através do diálogo.