Foi uma coisa assim…

Por Beni Dya Mbaxi, Luanda, Angola

Ilustração: Zozi.

Sei que muitas das vezes já bateste de frente com situações que chegaste a pensar que nunca resolverias, mas aviso-te que assim são as coisas inéditas, nunca antes foram resolvidas e nem vistas, mas no final, tudo fica tranquilo.

Naquela tarde ensolarada, lá estava eu esperando o que a vida aprontaria para mim, todos estamos sujeitos a sofrer alguma coisa oferecida pela vida, ninguém sabe o que vem na frente. Viver é prazeroso, mas nem todos os dias, aquele dia, foi um dia menos prazeroso, pelo menos ao começar o dia, porque depois…

Parado estava eu apreciando as marchas de outros transeuntes, quem é angolano sabe como é o dia-a-dia de um angolano, não é fácil. É como espalham por aí, Angola não é um país para amador. Para driblar as dificuldades do dia-a-dia é necessário ser um bom profissional, senão perdes a partida da vida.

Naquele olhar penetrante que eu dava a cada pessoa, fez-me encarar uma jovem esbelta, ela tinha um andar firme. O chão daquele lugar rendeu-se a ela para a ver caminhar lenta, tinha o cabelo mais lindo do universo, sério! O seu cabelo é muito lindo, para um homem preste a estar perdido por uma mulher, tudo que vê na sujeita está acima de tudo, tudo nela estava acima de tudo que vi antes, até de mim, que sou um minúsculo para aquela maiúscula jovem. Minha mente começou com as suas viagens, já imaginei ela em meus braços, sonhava como seria o dia do nosso alembamento, pensei nos traços dos rostos dos nossos filhos. Cheguei a pensar que os nossos meninos teriam os seus traços e as meninas teriam os meus olhos.

Ah! A vida tem tudo isto. Sonhar com quem nunca será nossa, mas isto alimenta a esperança de um homem solteiro, o amanhã é um maravilhoso mistério, não é só pensar como morreremos, também é necessário pensar antes de morrermos como deixaremos as pessoas que amamos, ou também pensar como as pessoas darão conta dos nossos amores misteriosos, sou apologista que todos temos amores impossíveis e também misteriosos. Estava perdido por aquela mulher, em meu corpo morava uma poesia paradoxal, o seu rosto era o verso que completava o soneto daquele momento, o mundo era o poeta que declamava aquele rápido episódio para os outros planetas, não esperava que o inesperado estava à porta, a jovem chegou perto de mim, o meu coração por um instante fugiu de mim, não sabia se falava ou continuava a contemplar a sua maiúscula beleza. — Jovem, estou perdida, podes ajudar-me?

 Naquele momento, não sabia quem estava mais perdido.

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