Sexta colocada na São Silvestre de 2023, Felismina Cavela migrou das pistas para as corridas de ruas e agora foca na maratona
Quando tinha 13 anos, Felismina Cavela foi levada pelo irmão para começar a treinar corrida. Ela confessa que não gostava de correr. Chegava até a chorar quando tinha de sair para os treinos. No entanto, com a prática, Felismina foi se apaixonando pelo esporte e essa paixão a levou de Angola, onde nasceu, para o Brasil.
Depois do início conflitante no atletismo Felismina logo se destacou e em 2010 começa a ser convocada para as seleções angolanas de atletismo. Nesse período ela já inicia a conquista de medalhas. Na primeira competição internacional da carreira, ela ganhou a medalha de prata durante a Copa da África Austral, na categoria júnior, em Moçambique, em 2010.
Chegada ao Brasil
Os bons resultados abriram espaço para uma oportunidade de intercâmbio no Brasil. “Foi uma oportunidade eu jamais sonharia ou pensava de estar aqui no Brasil, mas Angola é um país que consome muitas coisas do Brasil. e eu acho que sempre tem aquele pensamento – ‘nossa queria conhecer aquele país’, mas pelas condições naquela época jamais passaria pela minha cabeça”, conta Felismina.
Felismina veio e se instalou em São Caetano, cidade da região metropolitana de São Paulo, no centro de de treinamento da equipe da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). O trabalho no Brasil tinha como foco a competição dos 800 metros na Olimpíada de Londres em 20 12. Felismina não chegou a final, no entanto, o trabalho em São Paulo continuaria para a próxima Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016.
No final de 2012, Felismina e os outros atletas do intercâmbio são transferidos para Presidente Prudente, cidade no extremo oeste do estado de São Paulo, onde se tornaria atleta da Associação Prudentina de Atletismo – APA/Semepp (Secretaria Municipal de Esportes de Presidente Prudente). Quis o destino que ali Felismina fixasse sua vida. Conheceu o Márcio Antônio, que se transformaria em seu marido e juntos tiveram o Enzo. A chegada do filho mudou radicalmente os planos da corredora. Sem apoio da federação angolana e sem tempo para conseguir os índices, não pode participar da Rio 2016.
Sem patrocínio, Felismina vê nas corridas de rua uma oportunidade de seguir no atletismo. “A corrida de rua me daria a chance de me manter, cuidar de minha família e seguir minha paixão pelas corridas”, conta.
A transição para as ruas não foi tão simples, mas foi acontecendo em um bom ritmo. “No começo foi um pouquinho difícil. Nesse meio tempo eu quase parei de correr. Mas, meu esposo sempre me motivou a continuar. Assim a gente revezava para cuidar do nosso filho e ele ficava com menino para que eu pudesse treinar. Eu não tinha nenhuma rede de apoio aqui em Presidente Prudente, para manter o ritmo de treinamento. Essas coisas, quando a gente tem família por perto, ficam bem mais simples”, destaca Felismina.
Márcio Antônio, também corredor e treinador, se tornaria técnico de Felismina e a famíla se transforma oficalmente uma equipe de atletismo. As primeiras corridas foram na distância de 5Km e aos poucos foram aumentando a distância e atualmente Felsimina está competindo nas provas de 21Km, a meia maratona. Em 2023, Fellismina chegou ao pódio em todas as provas que comnpetiu no circuito brasileiro. Os destaques foram para a meia maratona de Passo Fundo e de Goiás, nas quais ela chegou em primeiro lugar. Na última prova de 21Km no Rio de Janeiro, um pouco antes da São Silvestre, Felismina ficou com a medalha de bronze.
As provas de 21Km são um projeto de chegar a competir a maratona e quem sabe conseguir índice para disputar uma olimpíada pela Brasil, já que Felismina tem a cidadania brasileira.
Sucesso na São Silvestre
A Prova da São Silvestre foi uma decisão de participar quase de última hora. Felismina disputou muitas provas em 2023, e o final do ano já a deixava com uma carga de esforço muito grande. No entanto, mesmmo assim ela e o Márcio, técnico e marido, fizeram um plano para participar de uma das provas mais tradicionais e emblemáticas do calendário brasileiro de corridas.
A competição de 15Km, que em 2025, completará 100 anos, percorre ruas e avenidas do centro da cidade de São Paulo, em um circuito de subidas e descidas partindo de um dos símbboloes da cidade, a Avenida Paulista. Felsimina conta que eles não estavam preocupados com o resultado, afiunal está foi a primeira vez que ela participou da prova e também por conta das condições impostas pelo percurso da corrida.
Mas Felismina conseguiu chegar em sexto lugar e foi a melhor brasileira classifica na prova, que há anos vem sendo dominada pelas quenianas e etíopes.
“Nossa quando eu cheguei e anunciaram a minha colocação, eu fiquei em choque! Tipo: ‘o que que tá acontecendo’. Passada uma semana é que eu senti que as coisas começaram a se encaixar, isso é real, aconteceu é real!”, relembra muito feliz a atleta. “Foi algo que não imaginava, até porque uma corrida com um universo de atletas de alto nível, nacional e internacional e um percurso que todo mundo falava que era muito desafiador e também porque era a minha estreia”, destaca.