Edição que será disputada em 2024 terá número recorde de países falantes de língua portuguesa
Por Lucas Ayres, São Paulo.
Não importa como a Copa Africana de Nações 2023 vai terminar: ela já é histórica. A 34ª edição da competição, afinal, será a que terá o maior número de participantes dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).
Disputada na Costa do Marfim, mas somente em janeiro de 2024 — adiada por risco de temporais na data original, entre junho e julho de 2023 —, a CAN 2023 terá nada menos que cinco países falantes de língua portuguesa entre os participantes.
Dos seis países que compõem o bloco — Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial —, apenas São Tomé e Príncipe não conseguiu a vaga nas Eliminatórias, encerradas em outubro.
O número representa um salto e tanto das três seleções participantes da última edição, em 2021. Na ocasião, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau e Cabo Verde foram os representantes PALOP, até então a participação mais numerosa da história do grupo no torneio.
Tradição recente e crescimento expressivo
Além de inédita, a participação numerosa dos PALOPs na CAN 2023 é impactante para um grupo de tradição apenas recente na competição. Foi só em 1986 a primeira participação de uma seleção no bloco, a de Moçambique, sendo que a história do campeonato data desde 1957.
Desde então, foram 12 as edições da Copa Africana de Nações que contaram com pelo menos um país africano de língua oficial portuguesa. Angola, com oito, é a seleção que mais vezes disputou o torneio.
Naturalmente, nenhum PALOP venceu a Copa Africana de Nações. A melhor campanha da história é apenas a terceira colocação da Guiné Equatorial, em 2015.
Por outro lado, a participação recorde mostra uma tendência de crescimento do futebol dos países africanos de língua portuguesa.
É, afinal, a segunda vez consecutiva que o grupo supera sua marca de participantes, que se mantinha estável em duas seleções desde 2010, apenas com 2017, em que somente Guiné-Bissau disputou, como exceção. Vale apontar que desde 2006 os PALOPs conseguem ao menos uma equipe jogando o torneio.
Claro que a recente reformulação da Copa Africana de Nações, que aumentou o número de vagas, deve ser levada em conta. Em 2019, a competição saltou, após 21 anos, de 16 para 24 participantes.
Ainda assim, todas as cinco seleções PALOPs da CAN 2023 já tinham participado de outras edições. Guiné Equatorial, Cabo Verde e Guiné-Bissau, as mais “inexperientes”, jogaram três edições cada.
Da mesma maneira, o crescimento das equipes dos países de língua portuguesa é, de fato, palpável. Usando como recorte os sorteios dos grupos das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 e a de 2026 — que começa a ser disputada em novembro — quatro das cinco seleções da Copa Africana de 2023 subiram no ranking da FIFA.
As “subidas” mais expressivas foram de Cabo Verde, que saltou da 76ª posição, em 2019, para a 66ª, em 2023, e Guiné Equatorial, que foi do 139º lugar para o 111º. Moçambique, único país que viu uma queda no ranking, o fez em apenas uma posição, de 116º para 117º.
Tabela aumenta chances de PALOPs nos playoffs
Como se não bastasse o recorde de participantes, a próxima Copa Africana de Nações pode reservar ainda maiores emoções para os PALOPs.
As tabelas sorteadas, afinal, tiveram dois grupos com duas seleções de língua portuguesa: o grupo A, com Guiné Equatorial e Guiné-Bissau, e o B, com Cabo Verde e Moçambique. Angola joga no grupo D.
Se de um lado as equipes correm maior risco de se eliminarem na competição, as chances de ao menos uma em cada grupo se classificarem para a fase seguinte são, estatisticamente falando, maiores.
Confira aqui a tabela completa da Copa Africana de Nações 2023