Após mais da metade da primeira fase disputada a seleção cabo verdiana confirma bom momento e surge como sensação do torneio, já os guineenses aplicaram goleada histórica nos anfitriões do Torneio
Por Thiago Cassis
Como era de se esperar, a Copa Africana de Nações chegou repleta de grandes jogos e muitas emoções. Se algumas equipes estão confirmando o favoritismo até aqui, como Senegal e Marrocos, e lideram seus grupos, outras seleções estão surpreendendo e alcançando um inesperado destaque.
Não são poucos os atletas que chamam atenção e já brilham no torneio, para o ex-atleta, Johnson Macaba, que disputou a competição defendendo as cores de Angola em 2010, os principais jogadores até aqui são “Ismaila Sarr (Senegal) e o Emilio Nsue (Guiné Equatorial). Mas vamos ficar de olho no Gelson Dala, de Angola, que pode se colocar entre os destaques”.
Já para Luis Fernando Filho, comentarista do torneio na Band e na Cazé TV, “Nsue, de Guiné Equatorial, é a grande surpresa. Artilheiro da fase de grupos é um atleta que, atualmente, joga na terceira divisão da Espanha. Mas também tenho gostado do Lamine Camara (Senegal) e Ziyech (Marrocos)”.
Entre as surpresas, estão principalmente as seleções que têm a língua portuguesa como oficial. Cabo Verde, treinada desde 2020 pelo ex-jogador Pedro Leitão Brito, mais conhecido como “Bubista”, foi a primeira nação a garantir vaga para as oitavas de final, ainda na segunda rodada do certame, e garantiu a classificação em primeiro lugar do Grupo B, que contava também com o poderoso Egito de Salah, atleta do Liverpool.
Entre os jogadores que vem se destacando pelo lado cabo-verdiano estão Ryan Mendes, que atua no Al Nasr do Emirados Árabes e Bebé, que apesar de nascido em Portugal, tem cidadania de Cabo Verde, atualmente o atacante defende o Rayo Vallecano da Espanha.
Mas o resultado que mais chamou atenção aqui foi sem dúvidas a estrondosa goleada que Guiné Equatorial aplicou sobre a anfitriã Costa do Marfim, o país que tem o português como língua oficial, ao lado do francês e do espanhol, não tomou conhecimento dos donos da casa e venceu por 4 a 0. O atacante de 34 anos, Emilio Nsue, foi o grande destaque mais uma vez. O craque, nascido na Espanha e naturalizado guineense marcou duas vezes frente aos marfinenses e já balançou as redes 5 vezes na competição.
Se Cabo Verde e Guiné Equatorial fizeram bonito, a situação não foi a mesma para Moçambique e Guiné-Bissau. As duas equipes estão eliminadas da competição e encerram a primeira fase na última colocação de seus respectivos grupos. O selecionado moçambicano ainda lutou muito na última partida, conquistando um empate heroico nos últimos minutos contra a seleção de Gana, mas o resultado não foi suficiente para manter a equipe viva na Copa Africana de Nações.
A outra seleção que fala em português na competição é Angola. Os palancas negras, como é conhecida a seleção nacional angolana em seu país, fechou o Grupo D da competição, com uma vitória de 2 x 0 sobre a equipe de Burkina Faso que colocou Angola entre os dezesseis melhores do torneio. Argélia e Mauritânia fizeram a outra partida da chave, em jogo que terminou com vitória da Mauritânia e desclassificação da Argélia.
Para Macaba, quando questionado sobre o momento atual de Angola, “o nervosismo da estreia passou e as mudanças feitas na equipe durante o primeiro jogo e no segundo deixaram o time mais ofensivo. Agora que passou estamos na próxima fase”.
Oitavas de final e favoritos ao título
Já pelas oitavas de final, Guiné Equatorial entra em campo, contra adversário ainda indefinido, no domingo, dia 28, já o selecionado de Cabo Verde volta a campo na segunda, dia 29. As duas seleções chegam confiantes para o mata-mata e acreditam muito na classificação.
Sobre as possibilidades de Cabo Verde, o ex-jogador Macaba pondera: “Eu não diria a favorita, mas candidata a continuar surpreendendo mesmo após já ter feito um bom torneio na última edição”, e continua, “as seleções que vem apresentando o melhor futebol são a Guiné Equatorial e Senegal. Sabem bem o que fazem e mostram segurança”.
“Talvez, não sejam grandes favoritas, mas hoje são seleções com potencial para, no mínimo, quartas de final e que batem de frente com qualquer seleção da África”, afirma Luis Fernando e, continua, “pela primeira vez na história, temos a chance de ver Guiné ou Cabo Verde em uma semifinal de Copa Africana. O que mostra o trabalho em evolução desses dois países nos últimos 10 anos. Nada é por acaso”. O que é certo é que ainda temos semanas de grandes jogos pela frente, com o futebol africano no centro das atenções do planeta bola.