Estados Unidos disponibilizam 1,4 bilhões de dólares para financiamento de projetos ligados a estes temas
Por Nany Vaz, Cabo Verde direto de Dubai
1.4 bilhões de dólares é o montante que vai ser disponibilizado para permitir maior participação das mulheres na indústria, acesso ao emprego, formação e financiamento foi o que anunciou, Jennifer Klein, Diretora do Conselho de Política de Gênero da Casa Branca. O anúncio foi feito durante o “Fórum das mulheres sobre o clima, biodiversidade e adaptação”, que teve lugar na COP28, em Dubai.
A iniciativa do governo dos Estados Unidos da América e parceiros visa garantir o financiamento de projetos liderados e/ou que beneficie mulheres. Jennifer Klein diz que o que se pretende com esse investimento é garantir às mulheres o acesso ao emprego, formação e outras oportunidades.
“Estou entusiasmada em anunciar hoje, esse novo compromisso dos Estados Unidos, da Fundação Rockefeller, da UPS (United Parcel Service), Bancos Americanos e Africanos, que disponibiliza 1.4 bilhões de dólares para apoiar a participação das mulheres na indústria, acesso ao trabalho e liderança. Formação e emancipação de meninas e, ainda acesso a formação nas áreas de indústria de engenharia e manufaturados. E vamos trabalhar com os nossos parceiros para garantir que as mulheres estejam habilitas a participar na liderança”, declarou Jennifer Klein.
As mulheres são as primeiras e as mais atingidas pelas alterações climáticas que afetam as suas colheitas e, consequentemente seus rendimentos revela Jennifer Klein, que ainda justifica essa subvenção mostrando dados que confirmam que somente 0,5% do financiamento global é destinado a projetos liderados por mulheres.
Participante do fórum, Hillary Clinton, ex-secretária de estado dos Estados Unidos e mentora pelos direitos humanos das mulheres, congratula-se com este gesto que abre espaço para o diálogo sobre clima e género, algo inédito na Conferência das Partes sublinha, “estou animada por faze parte desse incrível e importante anúncio. Pela primeira vez a questão do género tem um dia especial na COP. Eu queria parabenizar a organização por esse feito e por nos permitir debater e explorar o quanto género e clima estão conectados”.
Para além de Jennifer Klein e Hillary Clinton mais quatro, especialistas internacionais do clima e género participaram nos debates. O papel das mulheres na construção de um mundo resistente às alterações climáticas é o nome do primeiro painel desse fórum gênero e clima, que levantou questões como a importância deles na conservação da Amazônia, a relevância do conhecimento das mulheres indígenas na preservação das espécies e, ainda a inclusão das mulheres nas negociações e tomadas de decisões sobre questões climáticas.
Levar o financiamento realmente a quem precisa
A especialista francesa, Fanny Petitbon, coordenadora de igualdade de género da Care France, alerta pela necessidade de fazer com que esses financiamentos cheguem às pessoas que realmente precisam.
Fanny Petitbon diz que “esses Estados mais ricos são, particularmente, os países que historicamente são responsáveis pelas alterações climáticas, com impactos que ultrapassam as suas fronteiras internas. Mais mecanismos de ajuda para as meninas e mulheres que são afetadas pelas suas ações é algo extremamente positivo”. Fanny, no entanto, faz um aleta. “É importante que tenhamos em conta alguns detalhes. Será que essa ajuda não vão se transformar em dividas mais avultadas que comprometam ainda mais a situação financeira dos países beneficiados? Será que esse financiamento vai ser transferido diretamente para as mulheres ou comunidades que mais precisam?” Questiona Fanny Petitbon.
Questionada sobre a burocracia que limita as mulheres e outros grupos vulneráveis o acesso direto à esse tipo de financiamento, Fanny Petitbon diz que é preciso revisar os regulamentos por parte das organizações que administram desses fundos.
“É quase uma missão impossível ter acesso a esses financiamentos e o fundo de perdas e ganhos que está sendo operacionalizado na COP28 é, essencialmente para mitigar os impactos das alterações climáticas. Está previsto que o futuro conselho de administração desse fundo escute as ONGs e os representantes dessas comunidades antes da tomada de qualquer decisão”, completa.