Portugal e Cabo Verde assinam acordo de apoio para o financiamento e transição climática
Por Nany Vaz, Cabo Verde, direto de Dubai
Portugal comparticipa com mais dois milhões de euros de apoio a financiamento e transição climática em Cabo Verde, até 2025. Essa é uma decisão que resulta da assinatura, no primeiro dia da COP28 em Dubai, de uma adenda entre os dois país e que se enquadrada no acordo de conversão da dívida de Cabo Verde para com Portugal, em financiamento climático que agora passa de 12 milhões para 14 milhões de euros.
Produção da energia renovável e diminuição dos custos da água para o consumo são as propostas de dois projeto contemplados por essa adenda. Em declarações a imprensa, o Ministro da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde, Gilberto Silva afiança que, com esse projeto, a importação de combustíveis no seu país vai diminuir na ordem de 4 mil toneladas por ano. Ainda segundo o mesmo ministro, o desafio que o país enfrenta em termos de abastecimento de água vai ser contornado.
Mais água e energia renovável
“O projeto diz respeito a produção da energia solar, portanto energias renováveis para a injeção na rede e também para reduzir os custos da produção da água, não só água para o consumo, mas também para a agricultura. Isto é um desafio muito grande. E quando falamos em agricultura em Cabo Verde, necessitamos em primeiro lugar, de equacionar, reforçar a ligação nexus energia/água. Embaratecer a energia para que nós também possamos embaratecer os custos da mobilização da água. E a mobilização da água não diz respeito apenas a dessanilização, a exploração de furos profundos, mas a sua bombagem do litoral para as zonas mais altas, o que implica mais gradiente energético. Produzir cerca de 200 gigawatts de energia ano, eletricidade, com isto vamos poder reduzir a importação de combustível na ordem dos quatro mil toneladas e também reduzir 13 mil toneladas de equivalente de carbono ao ano em termos de redução de emissão”
Gilberto Silva, que integra a comitiva cabo-verdiana que participa na COP28, liderada pelo Primeiro Ministro, José Ulisses Correia e Silva, ainda destacou que “mais água e energia limpa vão ser asseguradas com a implementação desse projeto em Cabo Verde”.
O Chefe do Executivo cabo-verdiano em seu discurso apela a mais países a espelharem Portugal, Ulisses Correia e Silva diz que Portugal é um exemplo a ser seguido em matéria de financiamento climático. “Esse passo é muito importaste e queremos que outros credores, particularmente os bilaterais sigam o exemplo de Portugal. Que não tenham receio de que estarão a fazer um bom investimento. Parados como nós estamos, nas condições de manter tudo constante, a situação só piora com a ação das mudanças climáticas. Então temos que fazer efeitos de choque. Essa iniciativa de Portugal é contagiante. Já nas Nações Unidas, na assembleia geral muitos países se interessaram sobre o exemplo de Portugal e Cabo Verde. Espero que seja um contágio positivo e outros parceiros, outros países vejam este exemplo e que sigam este exemplo” acrescenta o Primeiro Ministro.
Durante o mesmo ato, o seu homologo português, António Costa considera que a ação climática é um fenómeno global, logo os países que mais têm contribuído para as alterações climáticas devem comparticipar para a mitigação dos seus impactos nos países que pouco ação negativa tiveram para com o ambiente. “São aqueles que em grande medida mais sofrem os impactos das alterações climáticas, que menos contribuíram historicamente para as alterações climáticas e que maior dificuldades têm de fazer os investimentos necessários, para que as alterações climáticas sejam possíveis. Não basta nós mudarmos o nosso modo de vida, é preciso fazer investimentos, para melhorar a eficiência energética, para desenvolver formas alternativas de produção de energia renováveis, sustentável, para termos uma agricultura mais sustentável”, completou.
A conversão da divida é uma forma de investimento enfatiza o Primeiro Ministro português, Antonio Costa. Portugal comparticipa com mais dois milhões de euros para financiamento climático e transição climática em Cabo Verde até 2025 com a assinatura dessa adenda. Para além de Cabo Verde, São Tomé e Principe acorda, também um financiamento climático no valor de 3,5 milhões de euros para a implementação nos próximos dois anos de projetos, ainda por identificar.
Jovens como protagonistas
É de recordar que São Tomé e Principie preside a CPLP para o biénio 2023/2025. O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de São Tomé e Príncipe, Gareth Guadalupe que lidera a comitiva são-tomense na COP28 em Dubai revela que nesse evento climático, enquanto representante do seu país e da CPLP vai abordar a questão da inclusão dos jovens nas causas ambientais.
“E nós acreditamos que é o jovem quem que constrói a ponte entre a geração presente e a geração futura e, também acreditamos que são eles que vão fazer a manutenção desta mesma ponte no futuro. Por isso é preciso educá-los, é preciso sensibilizá-los, mas é preciso também fazer a voz dele ser ouvida em tudo o que tem haver com a mitigação e adaptação as alterações climáticas”, destacou Guadalupe.
Combustíveis fosseis é outra temática que Gareth Guadalupe acrescenta ser relevante para a CPLP, pois segundo ele essa comunidade tem um grande potencial nessa matéria. Ainda segundo Gareth Guadaluoe, os países mais desenvolvidos devem colocar ao dispor dos países da CPLP, financiamento e tecnologias que permitam explorar esses recursos naturais de forma mais sustentáveis.