Populações dos países africanos também utilizam as línguas locais
Da Redação, Lisboa.
A língua portuguesa apresenta-se de diferentes formas nos países africanos integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em alguns desses lugares o português é língua oficial, mas há outros idiomas locais que são mais falados entre os seus habitantes.
Em Cabo Verde, por exemplo, a população é toda falante do crioulo, que é a língua materna, e aprendem o português nas escolas. O crioulo cabo-verdiano é dividido em dois dialetos com algumas variantes em pronúncias e vocabulários: os das ilhas de Barlavento, ao norte, e os das ilhas de Sotavento, ao sul. As crianças que frequentam o jardim de infância ou têm acesso à televisão, ou, ainda, se os pais falam o português em casa aprendem a língua portuguesa mais cedo. Já nas zonas rurais, nos casos em que vêem pouca televisão, onde não há jardim de infância ou quando há apenas educadores que falam também em cabo-verdiano, as crianças aprendem o português apenas aos 6 anos de idade. Portanto, em Cabo Verde a língua unificadora é o crioulo e não o português.
Em Angola isso também acontece. Enquanto em Moçambique há um reconhecimento de que a variedade do português local já não é idêntico ao português europeu. No caso de Angola isso não é reconhecido por razões políticas pelo fato de a elite local impor a ideia de que o português falado naquele país é o europeu. “Portanto, é como se o português europeu fosse ainda o português falado em Angola, o que não é verdade porque depois tem também a variação”, explica a investigadora da Universidade de Lisboa, Fernanda Pratas.
Na Guiné Bissau, o português é língua oficial, mas a população tem o crioulo guineense como idioma unificador. “O português existe como língua oficial na Guiné Bissau e em Cabo Verde, mas não tem o mesmo papel que tem em Moçambique ou em Angola”, enfatiza.
As línguas oficiais da Guiné Equatorial são o espanhol e o francês; recentemente o português foi acrescentado. A língua portuguesa foi oficializada na Guiné em 20 de julho de 2010 como a terceira língua oficial desse país com o intuito de conseguir a adesão plena da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). As línguas africanas faladas no país são reconhecidas como parte da cultura nacional.
São Tomé e Príncipe tem o português como língua oficial e nacional. Mas no país também são faladas variedades do português e do crioulo como o forro, o angolar e o principense, e o crioulo cabo-verdiano. No entanto, as línguas têm vindo a perder espaço para o português.
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