O espaço foi inaugurado no dia 12 de outubro no centro histórico de Coimbra, Portugal
Por Redação, Lisboa.
Um espaço que era a Casa da Escrita do escritor e poeta João José Cochofel foi transformado em Casa da Cidadania da Língua, inaugurada no dia 12 de outubro. A casa, localizada no centro da cidade de Coimbra, Portugal, tradicionalmente conhecida por Casa do Arco, pertencia, até 1883, aos Viscondes do Espinhal, ponto de encontro de intelectuais e pensadores do século XX.
A Casa da Cidadania da Língua vai abrigar debates, estudos, cultura e será um meio de abertura de fronteiras e criação de uma relação mais ampla entre os países da língua portuguesa, conforme descreve o presidente da Associação Brasil 200 Anos (APBRA), José Manuel Diogo.
“Será um espaço para associações, editoras, jornalistas, intelectuais e artistas. Um intercâmbio de ideias, conhecimentos e experiências para dar mais força aos laços entre os tempos, promovendo uma compreensão profunda e contribuindo para a construção de uma comunidade”, afirma o presidente da APBRA.
O projeto foi apresentado pela APBRA à Câmara Municipal de Coimbra. “Quando a APBRA nos apresentou este projeto da Cidadania da Língua, nós sentimos logo que era a imagem desta casa e o abraçamos por ser um projeto que congrega todas as pessoas que partilham a língua portuguesa”, revela o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva. Para ele, o conceito de Fernando Pessoa “Minha Pátria é a minha língua portuguesa” soa bem para explicar a Casa da Cidadania. “Nós queremos que esta casa seja uma casa de desassossego”, em referência ao “Livro do Desasossego”, de Fernando Pessoa.
É uma casa de todas as línguas, inclusive de todas as línguas portuguesas, porque existem várias línguas portuguesas variantes em cada país que tem como língua oficial a portuguesa. Para José Manuel Diogo, a Casa da Cidadania da Língua nasce no espaço dos Países de Língua Oficial Portuguesa, na cidade que foi a cidade culta da língua portuguesa até 1911. No entanto, de acordo com José Manuel Diogo, onde se cristalizou a discriminação. “E essa cidade (Coimbra) quer discutir a discrimação neste centro”, aponta.
De acordo com Ivone Bila, deputada de Moçambique, a Casa da Cidadania é “uma forma de podermos expandir esta nossa língua, que é o português”. “Então vamos ganhar muito mais. É um projeto que vai englobar e que acaba por ser o coração dos povos, sim. Queremos que essa iniciativa possa anular completamente as fronteiras. E abraçar-nos como irmãos falantes numa só língua e olharmos para as pessoas como um todo, como cidadãos do mundo”, comenta.
A programação da Casa da Cidadania da Língua será composta pela cultura de vários povos, como informa o presidente da APBRA, inclusive os que não falam português e os que têm português por segundo idioma.
O SESC – Serviço Social do Comércio, instituição brasileira, que possui 587 unidades fixas e 151 móveis que oferecem serviços de cultura, educação, lazer, esporte, saúde e assistência. O SESC é referência no país no fomento da cultura – fará a curadoria do espaço. A intenção é fazer parcerias com as universidades, instituições e associações. Uma das ideias é promover um festival literário de Coimbra.
Saiba mais
A Casa da Escrita de João José Cochofel foi adquirida pela Câmara Municipal de Coimbra na gestão do Presidente Carlos Encarnação, em 2003. O espaço foi recuperado e recebeu um prêmio de arquitetura. Por lá já passaram artistas ilustres e foi uma casa de luta antifascista contra a ditadura porque protegeu muitas pessoas que eram perseguidas.
A Casa da Escrita funcionava como um lugar de intervenção de debates, de tertúlias e de reuniões, mas que estava em algum estado de letargia em termos da atividade cultural.