Ex-jogador Cafu lidera combate à desnutrição de crianças soropositivas em Moçambique
Por Douglas França.
O capitão do pentacampeonato da seleção brasileira de futebol, Cafú, conquistou diversos títulos por onde passou. Longe dos gramados, ele tem se dedicado a atuar em outro time: o das causas sociais. Em Moçambique, no vilarejo Nhamatanda, que fica na província de Sofala, a 1.190 km da capital Maputo, o ex-lateral direito criou o “Cafuzinhos de Nhamatanda” que fornece refeições diárias para 100 crianças soropositivas e cestas básicas para as famílias.
A iniciativa é uma parceria entre o pentacampeão e o Instituto Brilhante, do qual ele é embaixador. Cafu ficou sensibilizado com a extrema pobreza das famílias e em saber que a maioria das crianças ajudadas eram portadoras do vírus da HIV. “Elas fazem uso do coquetel antiaids e não tem comida em casa. Então vão para nosso centro de apoio e recebem a alimentação que precisam todos os dias”, detalha Mariah Morais, presidente do Instituto Brilhante.
A preocupação em relação às refeições vai além dos pequenos. Todos os meses são distribuídas cestas básicas para 200 famílias e um kit para que possam filtrar a água e beber. O vilarejo não dispõe de água potável e em muitos casos o quadro de desnutrição é agravado por conta da desidratação. Segundo Mariah, o objetivo é aumentar o projeto para atender cada vez mais pessoas por mês. O próximo passo é construir um ambulatório e um centro de esportes e reforço escolar. Já existe, inclusive, uma área reservada e sendo preparada. A expectativa é desse espaço atender 500 famílias. “As pessoas de Nhamatanda não tem nenhum pronto-socorro. As pessoas têm que andar muito quando há algum problema para conseguir um atendimento”, lamenta Mariah.
Cafu e Mariah ainda não visitaram Nhamatanda, mas pretendem fazer isso entre julho e agosto. Até lá ambos fazem questão de manter um contato diário com a equipe para saber tudo que é feito e como as ações estão evoluindo. “Queremos fazer pelo menos 2 ou 3 visitas anuais. Não sabemos ainda como vai ser o impacto nessa comunidade. Pretendemos acompanhar e ver o bom funcionamento para não desviar da nossa causa”, explica a presidente do Instituto.
O “Cafuzinhos de Nhamatanda” ainda não conta com apoio de parceiros fixos. Mariah conta que os recursos utilizados para comprar a alimentação, os kits de água e as cestas básicas são captados em pequenas campanhas com amigos próximos. “Fazemos questão de mostrar tudo que é feito. Para cada centavo recebido há uma prestação de contas muito clara. Agora vamos fazer algumas ações, entre elas alguns leilões para a implantação do ambulatório”, ressalta Mariah.
Cafuzinhos de Nhamatanda, do Sertão e do Mundo
O vilarejo de Nhamatanda foi indicado para Cafu e Mariah por um coordenador do Instituto Brilhante que já faz campanhas pela organização na África. Eles já tinham a vontade de replicar para outros países o que é feito no sertão alagoano com o projeto “Cafuzinhos do Sertão”. No Brasil, a iniciativa atende 30 famílias da cidade de Olho d’Água das Flores.
“Nosso objetivo é ampliar para outras regiões de extrema pobreza em Moçambique e depois que estiver bem estruturado vamos olhar para outros países. A ideia é levar apoio onde se necessita de apoio”, planeja Mariah.