Escravizados trouxeram sua religiosidade, que se tornou arma de resistência
A história das religiões de matriz africana no Brasil começou quando do período de escravização dos africanos que foram enviados àquele país. Foi um processo violento porque houve a tentativa de retirada da cultura, da religião e da língua dos africanos, restando apenas os corpos que serviram ao trabalho escravo.
Os primeiros povos a serem levados como escravizados para o Brasil foram do Congo e de Angola. Como não podiam praticar os seus cultos originários, os escravizados precisavam “disfarçar” o louvor substituindo as entidades pelos santos católicos. Com isso eles tiveram o primeiro sincretismo chamado de “calundus”, que era a reunião das religiões banto-sudanesas com rituais indígenas.
No século XVIII, com a queda dos impérios da região da Nigéria, os daomeanos – Reino do Daomé onde hoje é o Benim – começam a vender pessoas para os portugueses, como espólio de guerra e assim chegam ao Brasil os nagôs – ou iorubanos, da África Ocidental.
Primeiramente, o povo de Queto, no Benim, é que desembarca no Brasil: a familia Arô que dá origem ao Candomblé do Ilé Axé Mariolajé da ialorixá Mãe Olga do Alaqueto, constituído como o primeiro culto de Orixás na Bahia que dá origem ao Candomblé. Antes disso já existiam os inquices (orixás) com os bantos provenientes de Angola e Congo.
A seguir, princesas vindas de Oió (Nigéria) e Queto na condição escravas fundaram o Ilê Axé Airá Intilê, terreiro da Barroquinha em Salvador, que depois migra para a avenida Vasco da Gama que dá origem ao Ilê Axé Iá Nassô Ocá, terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, também em Salvador.
Os terreiros instalados na Bahia uniram os cultos a todos os Orixás. Na África, ou louvores são separados, ou seja, cada casa cultua um Orixá. Xangô é dos Oió, Oxum é do povo Ilexá (cidade da Nigéria), a Ogum, do povo de Irê (cidade).