Entidade quer promover, incentivar e facilitar negócios para pequenas e médias empresas entre os países da língua portuguesa e a China
Por Redação, Lisboa e São Paulo.
Macau em toda sua história sempre foi um forte ponto de comércio. A chegada dos portugueses no século 16 marcou esta vocação. O Portal Vozes conversou com Y Ping Chow, promotor da Câmara de Comércio de Pequenas e Médias empresas Portugal-China, sobre a criação da câmara e suas ações prioritárias.
O líder da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, nasceu na província de Zhejiang e chegou na cidade do Porto, em Portugal, em 1962, quando tinha apenas sete anos. Y Ping Chow cresceu no Porto, onde estudou e veio a constituir família. Ao longo dos anos expandiu a sua atividade profissional a várias áreas comerciais, desde a restauração à importação e exportação de bens.
Veja a abaixo os principais trechos da conversa.
Qual que é o objetivo da Câmara de Comércio Portugal-China?
A Câmara do Comércio Pequena e Media empresas de Portugal e China é uma câmara de comércio que foi criada muito recentemente, há 3 anos. No entanto, ela já tem o apoio, o conhecimento e o reconhecimento de seu trabalho pela Liga dos Chineses em Portugal, que é uma associação que já existe há quase 30 anos. A intenção da Câmara de Comércio Portugal-China não é fazer a política, não estar a acompanhar os presidentes ou os primeiro-ministro a fazer a visitas, não é tentar influenciar as políticas de investimento, mas sim criar oportunidade de negócios para as pequenos e médias empresas, que com o nosso apoio, com as nossas relações e com nossos conhecimentos a entrar no mercado chinês. Também foi no sentido de podermos criar melhores posições de trabalho para Macau, que, como se sabe, é o centro de relação do Governo da China com o os países da CPLP.
O senhor também atua em outras ações de comércio em Macau?
Recentemente me foi proposto para ser o responsável de captação de investimento para Hengqin, que é uma zona nova de alargamento de Macau e que será agora uma Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau. Essa trabalho que estou desenvolvendo é para poder captar investimentos e os empresários para Hengqin. Nesse sentindo, vamos participar da Feira internacional de Macau (MIF) que acontece entre os dias 19 e 22 de outubro, e vamos levar muitas empresas portuguesas e empresas de língua portuguesas. Também vamos criar empresas em Hengqin e escritórios de representação dos projetos e dos produtos dos países da língua portuguesa.
Vamos criar em Hengqin uma empresa com a participação de 50% do capital social por empresários portugueses relacionados ou radicados na América do Sul, que vai levar os projetos de infraestrutura, os produtos da região e que vai levar os projetos e os negócios de oportunidade de comprar minerais ou a exploração de minerais.
Teremos também um parceiro que trará uma empresa de Moçambique para Henqquin, que será 50% de um empresário português, radicado em Moçambique e que terá a função de levar os projetos e os negócios de Moçambique para China, e ao mesmo tempo será representante dos produtos chineses para a distribuição ou venda em Moçambique.
A Câmara pretende estimular os negócios bilaterais para estas PME?
Sim, estamos a fazer, as empresas de dois lados, onde as empresas de língua portuguesa levam os seus produtos e representam os produtos chineses em seus países. Será neste formato que vamos criar estas empresas e cada empresa trará o seu desenvolvimento regional.
Dessa forma nós da Câmara de Comércio Portugal-China, por meio de seus associados, que ficam com outros 50% da cota, e que vão trabalhar com a China, a procurar os investidores e os compradores e também procurar os fornecedores para essas países.
Ao mesmo tempo sem grande fins lucrativos, a Câmara de Comércio Portugal-China vai criar uma empresa de serviços de apoio para as empresas que querem criar suas bases na China para vender seus próprios produtos, portanto é neste sentido que estamos a trabalhar.
Essa empresa de representantes aqui na América do Sul, que o senhor fala é especificamente no Brasil?
O Brasil é como sendo um país muito grande tenho os parceiros que mostraram interesse em criar empresas próprias com nossos associados na China. Esse é um processo que ainda está um pouco mais atrasado no seu desenvolvimento.
E com relação a Angola?
Já temos contatos e alguma troca com Angola. O importante é ressaltar que vamos constituir empresas de apoio para todas as regiões da América e África, além da Sino Lusa que é uma empresa de empresários portugueses aqui em Portugal.
São muitas oportunidade, podemos criar muitos negócios para quem quer participar e para quem tiver capacidade de fazer negócios. Eu estou à procura, estou disposto de me associar com os empresários que queiram trazer seus produtos para china e vender os produtos chineses em seus países.
Nesse sentindo qual a importância de Macau para os países de língua portuguesa?
Macau é um país que tem a prioridade, a vantagem e o privilégio de se relacionar com os países de língua portuguesa. Aliás, o Governo Central Chinês atribui esta tarefa como a principal tarefa de Macau.
Na minha visão, Macau não deveria desprestigiar a relação com Portugal. Foi neste sentido que depois de criar a Câmara do Comércio de Portugal – China, começamos a criar a Câmara do Comércio Portugal, Guiné e China. Sempre em um formato triangular, com Portugal fazendo a conexão entre os países. Faremos o mesmo com relação a todos os outros países da CPLP.
O senhor mencionou várias vezes a região de Henqquin. Pode nos dizer qual a importância dela?
Henqquin é uma zona franca que o governo chinês quer criar juntamente com Macau. Henqquin neste momento tem um benefício fiscal para quem quer começar sua atividade na região. Para as empresas interessadas fica mais barato o investimento do que na China Continental. E é além desse benefício das taxas mais baixas ou isentas, nós da câmara, já temos um empresa de prestação de serviço, para as pequenas e médias empresas. Isto é muito bom e é muito fácil para as PME.
Saiba mais
Macau é uma das regiões administrativas especiais da República Popular da China desde 20 de dezembro de 1999, sendo a outra Hong Kong. Macau foi colonizada e administrada por Portugal, em 1553 e ficou sob seu controle por durante mais de 400 anos, até 1999. Ela é considerada o primeiro entreposto, bem como a última colônia europeia na Ásia. O idioma português é falado por cerca de 3% da população.
Macau, devido à falta de terrenos, queria integrar a ilha de Hengqin na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e esse o seu desejo foi expressado ao Governo Central Chinês. Mas, o Governo Central não autorizou esta integração. Porém, no dia 1 de setembro de 2005, o Governo Central permitiu a isenção de taxas aos empresários de Macau e de Hong-Kong e permitiu uma maior flexibilidade no controle da imigração desta ilha chinesa para promover o investimento.
Hengqin é a maior das 146 ilhas de Zhuhai. A sua área é aproximadamente o triplo da área da RAEM. É uma ilha predominantemente rural e possui paisagens espetaculares, vastos campos de cultivo, largas baías, lindas praias, cavernas e rochas com um aspeto estranho, ar fresco e não poluído e uma vegetação natural rica.
Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin
A Zona de Cooperação dedica-se ao desenvolvimento de novas indústrias para a promoção da diversificação da economia de Macau, concentrando-se na indústria de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico, na indústria manufatureira de alto nível, nas indústrias de marcas de Macau, como por exemplo, a indústria de medicina tradicional chinesa, as áreas cultural e turística de convenções e exposições e de comércio, além do mercado financeiro moderno.