Um espaço cultural de valorização e divulgação do estilo musical será criado em 2024 na Ilha de Boa Vista
Por Redação.
A Casa da Morna da Ilha de Boa Vista será a quarta casa deste tipo de divulgação, promoção e preservação da morna, estilo musical de Cabo Verde que tem o título de patrimônio da humanidade, e ficou conhecida pela voz de Cesária Évora (1941 — 2011).
Na Ilha de São Nicolau fica a Casa da Morna Sodade, nome da morna mais famosa composta por Armando Zeferino. Na Ilha de São Vicente está instalada a Casa da Morna de Tito Paris e na Ilha Brava está a Casa Museu Eugénio Tavares.
O intuito para a criação desta nova Casa da Morna é divulgar o gênero musical em um espaço “que reúna diversas atividades da arte e cultura, potencializando a morna como produto turístico de excelência”, disse em entrevista, Nádia Santos, autarca da ilha da Boa Vista. Ela ainda acrescentou que essa Casa da Morna vai homenagear Maria Barba (1905-1974), que foi a primeira embaixadora do estilo musical.
Maria Barba recebeu o título de embaixadora da morna, por ter cantado, em 1934, no Palácio de Cristal, na cidade do Porto, representando Cabo Verde com um grupo de músicos e cantadeiras na primeira exposição colonial portuguesa.
A mais famosa das embaixadoras da morna foi Cesária Évora, que abriu as portas do mundo a um país insular de pouco mais de meio milhão de residentes. Era conhecida como a diva dos pés descalços, pois era como se apresentava nos palcos. Em 1988, gravou o álbum “La diva aux pieds nus” (A diva dos pés descalços), muito aclamado pela crítica, que fez com que sua carreira decolasse internacionalmente aos 47 anos. Em 2004, conquistou o Grammy de melhor álbum de world music contemporânea.
A concretização da Casa da Morna da Ilha de Boa Vista está prevista para 2024. O projeto, que ocupará uma área de 600 metros quadrados e está orçado em 40 milhões de escudos (362 mil euros e 1,9 milhão de reais), aguarda recursos. O projeto está constituído por espaços de exposição e espetáculos, bem como local para cursos e oficinas. A proposta é montar uma agenda cultural.
História
A morna foi proclamada a 11 de dezembro de 2019, como Patrimônio Imaterial Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
O gênero musical, interpretado em crioulo de Cabo Verde, surgiu de uma mistura de estilos musicais com fortes raízes africanas, o landum, com as influências da modinha luso-brasileira.
A morna é geralmente acompanhada por viola, cavaquinho, violino e piano, mas o seu instrumento de excelência é o violão, introduzido em Cabo Verde no século XIX.
Nos últimos anos, a morna foi levada a ser conhecida internacionalmente por vários artistas, como a diva da nova geração Cremilda Medina, além de Vacy Chantres, Assol Garcia, Tito Paris, Nhelas Spencer e Arlindo Rodrigues.