Taxi e toca-toca colorem ruas da capital guineense e são principal fonte de renda para muitos bissauenses
Por Redação
Jovens e adultos dirigindo Mercedes azuis e brancas são os personagens mais presentes nas estradas de Bissau, capital da Guiné-Bissau. Ter um taxi, meio de transporte mais popular da cidade, é a principal fonte de renda para muitos bissauenses. E, embora haja mais novos, o modelo sedã da década de 80 é quase unanimidade entre esses motoristas.
Cassimo Baldé, 53 anos, é um exemplo desses trabalhadores que passam horas no volante. Às 7h já está procurando passageiros para ocupar os quatro lugares do veículo. Volta para casa apenas às 20h, quando passa um tempo com seus três filhos e descansa. Sua meta diária é arrecadar entre 10 e 12 mil francos CFA, aproximadamente 19 euros. Valor suficiente para cobrir custos de manutenção do carro e lucrar um pouco.
Apesar da disputa para conseguir clientes, Baldé explica que há uma grande rede de cooperação entre os taxistas. “Muitos de nós trabalham até de madrugada. A maioria são jovens solteiros. Há uma agitação constante na estrada, mas trabalhamos todos em conjunto, ajudando uns aos outros”, detalha em entrevista ao Bantumen.
Todos os veículos de Bissau são importados usados. Os Mercedes fabricados nos anos 80 foram os primeiros e os que mais chegaram ao longo dos anos. Isso desenvolveu uma mão de obra especializada para a manutenção, muitas vezes feita pelo próprio dono, e uma grande oferta de peças de reposição na região. Esses dois fatores explicam a popularidade dos modelos da marca alemã entre os motoristas da capital da Guiné-Bissau.
Taxi compartilhado
Devido à grande quantidade em circulação, conseguir um taxi no dia a dia é fácil. Há diversos pontos de taxi na capital guineense e, diferentemente de outros países, o uso é compartilhado. Funciona basicamente como um transporte público: a pessoa pode pegar um veículo já ocupado desde que o destino da seja parecido. Caso contrário, espera outro.
A possibilidade de dividir o carro com mais pessoas barateio o preço. Durante o dia, o valor varia entre 250 e 500 francos CFA (Communauté Financière d’Afrique), que dá menos de 1 euro. Já à noite pode chegar a 1500 francos CFA, que equivale a aproximadamente 2 euros. Os valores são por pessoa e dependem da distância percorrida.
Taxista há mais de 10 anos, Baldé acumula diferentes experiências, emoções e histórias com os passageiros. “Claro que existem desafios. Às vezes, as pessoas já acordam com os seus próprios problemas e na estrada essa agitação pode aumentar o estresse, mas todos tentamos evitar esse tipo de situação”, detalha.
Toca-Tocas também são opção de transporte
Os taxis de Bissau fazem trajetos flexíveis, circulam pelas periferias e estradas de terra. Por isso são melhores para pessoas que moram, trabalham ou estudam nessas regiões. Quem vai para lugares mais movimentados pode optar por um toca-toca, que fazem rotas fixa, como por exemplo, do centro da cidade ao Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira.
Os toca-tocas são vans amarelas e azuis, geralmente também da Mercedes. Eles acomodam de 18 a 21 pessoas e custam 200 francos CFA, ou 0,30 euros. Cada veículo tem um motorista e um cobrador, responsável por receber o dinheiro das passagens e atrair pessoas nas ruas para ocupar os assentos. A meta diária no caso é somar de 15 a 20 mil francos CFA. Cerca de 40 euros.