Museu Mafalala, localizado no bairro de mesmo nome, em Maputo, reúne línguas, arte e religião
Por Redação.
Um guardião da cultura moçambicana localizado no subúrbio de Maputo. O histórico bairro de Mafalala é um “museu vivo”, local multicultural onde nasceram nomes como Eusébio da Silva (jogador de futebol); os ex-presidentes Samora Machel e Joaquim Chissano; o poeta maior de Moçambique José Craveirinha, o primeiro autor africano a receber o Prêmio Camões; além da escritora Noémia de Sousa.
O bairro é considerado um berço da cultura moçambicana, de diversidade cultural e tem a Associação Iverca como instituição que luta para preservar o lugar através do Museu Mafalala.
O diretor do museu, Ivan Laranjeira, revela que quase todas as etnias e todas as línguas diferentes que são faladas em Moçambique estão presentes no espaço, que tem uma mistura de religiões, pessoas de origem cristã e muçulmana, e tudo isso vivendo em harmonia.
“Este é um museu vivo, em cada beco, em cada zinco e em cada pessoa que cruza estas ruas. É um espaço que concentra muito da vida e da história da cidade de Maputo”, explica Ivan Laranjeira, em entrevista à Agência Lusa. No entanto, o museu tem perdido em número de visitantes e encontra-se em estado de abandono.
Pelo bairro
Mafalala foi um local de nascimento e de criação de música, literatura, política e futebol. Pelo bairro é possível encontrar cartazes que indicam algumas das atrações locais. A casa de Machel; a terra natal de Eusébio e uma homenagem à poesia de Craveirinha são algumas memórias preservadas. Lá os jovens jogadores chutam bolas de futebol na areia, diante de uma imagem de grafite de Eusébio (ex-jogador).
O lugar também fez surgir as primeiras confabulações que culminaram numa guerra de décadas que abriu o caminho para a independência em 1975, tornando-se, assim, centro da resistência cultural à administração colonial portuguesa em Maputo.
Porém, o bairro ganhou uma imagem negativa devido aos altos índices de violência. A luta da Associação Iverca e do Museu Mafalala é justamente a de recuperar a riqueza patrimonial.
“A Mafalala foi sempre identificada com estes aspetos negativos e isto esconde todo o valor e riqueza culturais presentes neste espaço. O museu vem precisamente ativar este aspeto positivo e traz também um impacto positivo para a comunidade, que tem a ver com a autoestima e orgulho”, afirma Ivan Laranjeira. Atualmente, o bairro oferece aos jovens iniciativas ligadas à arte, promovidas pelo museu.
O Museu Mafalala foi inaugurado em junho de 2019 e está orçado em cerca de 200 mil euros, financiados pela União Europeia e pela Cooperação Alemã.