Os países assinaram um acordo de intenções para a produção em conjunto do hidrogênio no continente africano
Da Redação.
O acordo foi firmado entre a Sonangol, empresa estatal de energia de Angola e as empresas alemãs Gauff e Conjuncta, em 2022, logo após o 1º Simpósio do Hidrogênio entre os dois países. Ele vem na sequência de estudos de viabilidade técnica e econômica, para o financiamento, construção e operação de uma usina para a produção de hidrogênio verde e produtos derivados, em Angola. A ideia é a comercialização no mercado local e internacional, tendo a Alemanha como principal parceiro.
Angola é um dos maiores produtores de petróleo da África, no entanto, a Sonagol está investindo cada vez mais em tecnologias verdes. O projeto com a Alemanha oferece à estatal angolana a oportunidade de fortalecer ainda a divisão verde da empresa.
O ministro dos Recursos Minerais Petróleo e Gás de Angola, Diamantino Azevedo, ressaltou, na assinatura do acordo, a importância do projeto “por se enquadrar no reforço do compromisso nacional com a transição energética e no desenvolvimento socioeconômico do país”.
Segundo declarou Stefen Tavares Bollow, diretor da Graff, na assinatura da carta, as vantagens de Angola como parceiro não são apenas o seu grande potencial em termos de energia solar, eólica e hídrica, mas também o fato de o país saber orientar-se no mercado de energia. Além disso, neste caso específico parte da infraestrutura já existe há muito tempo.
O executivo alemão refere-se a Hidroelétrica de Laúca que está localizada na região noroeste angolana. A partir dali já existe uma linha terrestre que transporta a eletricidade até a Barra do Dante na costa do país. Neste local a Sonangol está construindo um porto que inicialmente seria utilizado apenas para o transporte de petróleo e derivados, no entanto, com o projeto de parceria será adicionada uma área para produção de energia verde.
Infraestrutura existente
O local escolhido traz muitas vantagens, já que o porto conta com abastecimento de água potável, que é necessária para a eletrólise, principal responsável para produzir o hidrogênio verde. Existe também um grande rio próximo, o Dange, que elimina a necessidade de fazer a dessalinização da água, além da infraestrutura completa para a exportação que está sendo instalada. A usina de eletrólise, que será construída no porto da Barra de Dande, produzirá o hidrogênio verde com a energia elétrica trazida de Laúca e a água do rio Dange.
A eletricidade é utilizada para separar as moléculas de água H2O, em hidrogênio (H2) e oxigênio (O2). Na etapa seguinte o nitrogênio (N2) é adicionado criando a Amônia (NH3), que, quando colocada sob alta pressão, se torna líquida. Essa conversão em amônia é importante, pois assim ela é mais fácil de ser transportada do que o hidrogênio no estado gasoso.
A amônia será colocada em navios e destinada para a Alemanha. O projeto espera levar cerca de 80 mil toneladas do produto em quatro viagens por ano. Chegando ao destino a amônia pode ser convertida novamente em hidrogênio e assim ser utilizada para a geração de energia.
A expectativa do projeto é começar a produzir no início de 2025. A projeção atual aponta para a produção anual de 1 milhão e 45 mil megawatts/hora, o que é o suficiente para abastecer cerca de 450 mil residências no período de um ano.
Saiba mais