A rainha dos bijagós, que lutou pela independência da Guiné-Bissau, é marca da identidade do seu povo
Por Redação, Lisboa
Pioneira nos princípios do matriarcado, Okinka Pampa, ou Okinca Pampa, rainha do povo Bijagós, arquipélago da Guiné-Bissau, entre 1910 e 1930, deixou um legado na defesa dos direitos humanos e do meio ambiente. A rainha foi encarregada de manter as tradições da ilha, portanto, resistiu às campanhas coloniais de ocupação do território por Portugal até conseguir assinar um tratado de paz, o que pôs fim ao regime de escravidão. Okinka implementou reformas sociais que expandiram os direitos das mulheres numa época marcada por fortes desigualdades. A rainha tem, portanto, influência na identidade da Guiné-Bissau e da Lusofonia.
Essa história foi contada pelo escritor e advogado angolano Alexandre Faria no livro “Okinca”, lançado em outubro de 2023, na Casa de Histórias Paula Rego, em Cascais, Portugal; bem como na obra infantojuvenil “A Princesa dos Bijagós”.
Os Bijagós possuem valores e códigos próprios. A identidade desse povo está marcada nas manifestações culturais, como na dança, escultura, religião que praticam, bem como na vestimenta. Esses povos estão localizados na região da costa ocidental do continente africano, especificamente na zona sul da Guiné-Bissau, num conjunto de ilhas conhecido como Tchom de Bidjugu (Arquipélago dos Bijagós).
Eles possuem língua própria, que é o odjokó, que significa ser humano. Mas também os Bijagós falam a crioula/criol como segunda língua. Atualmente, esta região responde por uma entre oito regiões da Guiné-Bissau, fora o setor autônomo de Bissau.
Para os bijagós, o mundo foi criado por Nindó, o Deus. Nindó também cirou um casal que teve 4 filhas que deram origem a 4 linhagens e formaram os clãs que representam as etnias: Ogubanné, Orakuma, Oraga e Ominka. Cada uma das etnias é responsável por elementos da natureza.
Relativamente à sociedade matriarcal, as mulheres bijagós participaram das lutas pela libertação do continente africano. Elas lutaram contra o imperialismo, contra o patriarcado e pelos direitos das mulheres antes e após as independências das ex-colônias africanas.