Língua oficial pode desaparecer em Portugal

Estima-se que apenas 1.500 pessoas falem o mirandês, que pode acabar em 20 anos

Da Redação.

Grafite escrito em mirandês.

A língua mirandesa poderá desaparecer daqui a 20 anos, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Vigo (UVigo), Espanha, em 2020. A utilização do mirandês teve uma queda de 50% no que se refere ao número de falantes. A razão para isto é o abandono desta forma de falar por parte de entidades públicas e privadas. A pesquisa estimou que cerca de 3.500 pessoas conhecem a língua, mas apenas cerca de 1.500 estão a usá-la regularmente. Isso representa uma defasagem do idioma, sobretudo nas gerações mais novas. O que explica a ruptura da língua é o fortalecimento do português falado, sobretudo por causa da profusão dos meios de comunicação nas últimas décadas, e em razão da identificação do mirandês com a ruralidade e pobreza locais.

O estudo foi realizado com a população do concelho de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, em março de 2020, por alunos da Universidade de Vigo. 

Placa com nome da Rua do Cruzeiro, localizada em Miranda do Douro, em mirandês e em português.

As medidas concretas tomadas até agora para manter vivo o mirandês foram o ensino opcional ou o uso bilíngue, no entanto, são ações que funcionam como medidas paliativas. Isso porque a introdução optativa do estudo da língua mirandesa nas escolas do concelho, além de ser limitada a uma hora por semana, não tem livros de texto, materiais pedagógicos, nem vagas próprias de professorado especializado.

Como forma de manter vivo o mirandês, o cineasta Rui Falcão lançou o filme “Capa de Honras La Cuonta de L Garotico I L Bielh” (Capa de Honras, a história do menino e do velho) no 27º AVANCA Festival Internacional de Cinema em julho de 2023, em Avanca. O filme é falado em mirandês e foi filmado na região de Miranda do Douro. Rui Falcão é natural desta região. “Capa de Honras” é um dos raros filmes que utiliza esse idioma.

O mirandês foi oficializado como língua de Portugal em 29 de janeiro de 1999 através da lei publicada em Diário da República que reconheceu oficialmente os direitos linguísticos da comunidade mirandesa.

Placa com história do município de Miranda do Douro escrita em mirandês