Projeto da Associação Brasil Portugal 200 anos, que quer conectar países lusófonos, vai inaugurar sede própria em Coimbra, em outubro deste ano
Por Lina Moscoso, Lisboa.
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A celebração da língua portuguesa como território partilhado é o mote principal de iniciativas que vêm sendo pensadas para unir os países falantes dessa língua em uma única cidadania. Um dos projetos é o Cidadania da Língua em que personalidades, como Mia Couto, Ruy Castro, Afonso Borges, Djamila Ribeiro e a escritora portuguesa Maria Inês Almeida, gravaram, em 5 de maio – dia mundial da língua portuguesa -, depoimentos sobre a visão de cada no que diz respeito à cidadania da língua. Esse projeto terá sua própria sede, a partir de outubro deste ano, em Coimbra, Portugal, que será chamada de “Casa da Cidadania da Língua”, e terá a missão de “estudar, pensar, pesquisar as novas vizinhanças, as periferias que chegam ao centro, novos atos culturais, novas maneiras de entender o mundo”.
A iniciativa tem curadoria compartilhada entre o escritor brasileiro André Augustus Dias e dos produtores culturais portugueses Carlos Moura Carvalho e José Manuel Diogo, presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos.
Diogo cita o acordo de mobilidade da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) – lei que garante a autorização de residência em Portugal praticamente automática aos cidadãos dos países de língua portuguesa – como um exemplo de instrumento de cidadania na medida em que assenta na pertença a uma língua comum e não a uma geografia. “Esta desmaterialização da cidadania é uma inovação civilizacional. É provavelmente a única língua que até hoje, neste tempo de conectividade global, um dos países criou uma lei que faz com que falantes dessa língua possam viver noutro país”, afirma.
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Um dos projetos da Casa da Cidadania da Língua foi o Ciclo Cidadania da Língua, integrado na Feira do Livro de Coimbra. Entre 23 de junho a 2 de julho de 2023, foram realizados eventos que reúniram personalidades da cultura, literatura e educação de países de língua oficial portuguesa. Esses eventos foram compostos por debates, palestras, performances e conversas. “A proposta do ciclo é promover a reflexão sobre temas relevantes para a cidadania e a língua portuguesa, bem como fortalecer a cooperação e o diálogo entre esses países”, revela Diogo.
“Em um momento em que a língua portuguesa vem ganhando cada vez mais importância no cenário internacional, é fundamental discutir questões como a cultura como marca de território, a programação cultural em português, os desafios da nova cidadania e o acesso à educação”. O presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos alerta que é preciso refletir sobre o futuro da língua portuguesa e a importância de contar a história de forma plural e inclusiva.
“O Ciclo Cidadania da Língua é assim. Para nós, para Coimbra, para os países de língua oficial portuguesa e para quem pensa nas oportunidades e ameaças que hoje se colocam aos cidadãos da língua. Acreditamos que promovendo o diálogo e a cooperação e estimulando a reflexão sobre temas importantes para a cidadania e a cultura podemos construir um futuro partilhado melhor”, finaliza.
Conheça mais sobre a Casa da Cidadania da Língua.
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